terça-feira, 23 de dezembro de 2008

feliz natal



a todos os que por aqui passam desejo um feliz natal. e paz, justiça e alegria para 2009. mais uma pedra no reino de deus.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

mykonos - 16 de agosto de 2008



mykonos tem uma chora lindíssima com ruas caiadas de branco e pavimento negro. a maioria das ruas são estreitas e com o piso muito irregular. é um sítio da moda, das altas classes, sobretudo italianas, e da omnipresente comunidade gay. ontem visitámos a paradise beach, completamente atulhada de gente e de bares que debitam house a partir das cinco da tarde. esta manhã fomos a delos, um sítio simplesmente soberbo. são tantas as coisas para apreciar na ilha-museu que o tempo que tínhamos não foi claramente suficiente.











segunda-feira, 17 de novembro de 2008

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

onde está o inverno?



sobre o concerto de sigur rós no campo pequeno, no dia de s. martinho de 2008.
um alinhamento soberbo de duas horas, equilibrado, emotivo, triste e festivo, tudo ao mesmo tempo. como se isso fosse possível.
a melhor utilização da projecção de vídeos que alguma vez vi num concerto de música. gostei sobretudo das câmaras escondidas em diferentes locais do palco.
um público emocionado e respeitador.
um dos melhores concertos que já vi.

há magia naqueles quatro senhores. uma magia simples como tudo o que é belo. uma simplicidade atroz de tão pura e essencial. de tão pouco óbvia que é imediatamente presente no mais fundo de nós. uma linguagem talvez. uma linguagem de um mundo que ainda não conhecemos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

paros - 15 de agosto de 2008



estamos a bordo do velocíssimo seajet 2 a cortar ondas em mar alto. acabámos de sair de paros. chegámos no dia 13 e encontrámos logo um quarto que regateámos por bom preço. o senhor levou-nos até lá e enquanto esperávamos que nos limpassem o quarto, conhecemos um casal de italianos muito simpáticos que nos esteve a dizer quais eram as melhores praias. seguindo o seu conselho rumámos logo para naoussa onde almoçámos. naoussa é uma terra lindíssima à beira de um porto ladeado por uma muralha veneziana. depois fomos de taxi boat para kolimpitres onde passámos a tarde com a areia fina e o mar quente.







terça-feira, 11 de novembro de 2008

naxos - 12 de agosto de 2008



esta manhã visitámos o kastro e o templo de apolo, e voltámos para a praia. é curiosa a presença veneziana nesta ilha. a forma como estes aproveitaram a antiga acrópole e as suas pedras para construir o castelo e as casas em redor. visitámos uma loja de antiguidades espectacular e fomos então para o magnífico templo de apolo, com o seu arco inacabado a derramar sacralidade sobre o mar imenso.





sexta-feira, 7 de novembro de 2008

da sorte

a sorte de sermos amados é mesmo isto. sorte. não merecemos nada disto. o amor é uma graça sem resposta. nunca poderemos retribuir. só amar. ampliar esse amor até ao infinito que ultrapassa as nossas forças.

do nascimento e de um aniversário

não são as emoções que nos fazem chorar. são os gestos mais puros e mais límpidos. num dia tão subtil e frágil, senti a saudade mais funda e a alegria mais simples. afinal de contas, a c. nasceu. que a vida, a vida toda, seja sua. e por trás dos muros e das veredas esconde-se sempre a voz de um amigo. a amizade, que não é mais do que permanência e confiança, não tem fim. não pode ter fim.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

a bordo do romilda, mar egeu - 11 de Agosto de 2008



um homem pára no cimo das escadas
com uma mão apoiada no corrimão
sorri no segundo em que abro os olhos
como pode haver tanta gente a dormir
no chão ondulante deste navio - pergunta
não que eu ouvisse a sua voz
nem a de qualquer outra pessoa que
já passou por aqui e sorriu
mas sinto todas essas vozes
todos esses sorrisos que por aqui
aqueles que foram felizes passaram
porque neste chão neste barco nesta noite
estão todas essas vozes e sorrisos
que numa voz doce sussurram o nome
da liberdade de um abrir de braços
capaz de abraçar o mar e todas as
terras por onde passamos e
nunca ficamos
pois em todas as viagens que
experimentam a liberdade
há uma harmonia de vozes e sorrisos
de corpos deitados no chão da noite
embalados pelo romilda por todos
os navios e comboios que levam os
viajantes que não têm pressa de
chegar
que vão onde o vento os levar
e nesse ser alado repousam as suas
forças para poderem caminhar sorrir
fazer ouvir a voz da felicidade
da alegria de hoje estar aqui
e amanhã nada se poder repetir

porto de ios - 11 de agosto de 2008



já passa da meia noite. estamos no porto de ios e esperamos o barco para naxos que só chega às 3h20. chegámos a ios anteontem. nessa tarde fomos conhecer a fabulosa praia de milopotas com areia dourada, mar tranquilo e sol tórrido. à noite, na praça principal da chora, uma associação de cultura local oferecia comida e vinho enquanto decorria um concerto de música grega. os estrangeiros e os locais adoravam e dançavam mas eu bebi a minha conta de vinho e fomos dormir.



quarta-feira, 29 de outubro de 2008

fira, santorini - 8 de Agosto de 2008





hoje passam 30 anos desde a morte de ruy belo. um poeta que também cantou estas paredes alvas e este sol magnífico que banha as praias. não pude trazer a sua poesia pois precisava mesmo de me afastar da tese... o pôr-do-sol em oia foi espectacular apesar dos milhares de pessoas que se acotovelavam para a melhor fotografia. o que as atrai? a beleza? o spot turístico? a moda? é curioso como os homens da antiguidade adoravam o sol e hoje continuamos a fazê-lo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

oia, santorini - 7 de agosto de 2008



na pitoresca oia todos os recantos merecem uma fotografia. santorini é um pequeno paraíso à beira de um vulcão adormecido. não deveria ser sempre esta a nossa vida? podíamos ficar aqui para sempre. porém a vida seria apenas estar num paraíso que seria arrasado ao primeiro tremor de terra da próxima erupção do vulcão. não importa agora este rumor instável da vida. está na hora de ver o pôr-do-sol. acotovelem-se para um dos melhores espectáculos do mundo.



segunda-feira, 27 de outubro de 2008

praia de karteros, creta - 5 de agosto de 2008



há aqui onde os pássaros gigantes poisam
vindos do mar quente
uma brisa interminável e um rochedo
e uma ilha ao largo de creta
há nesta praia o melhor da praia
a areia fina o mar morno o sol tórrido
há também três rapazes italianos
dois acompanhantes e um paraplégico
que tomam agora um longo banho
há nesta amizade algo tão puro
como esta paisagem

como se pudéssemos aqui
sem cortar a respiração
perceber o melhor do mundo
e que nesta brisa se condensasse
o sopro da vida eterna, da luz

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

mar egeu - 2 de agosto de 2008








a bordo do kriti i, em pleno dorso do mar egeu, dirigimo-nos para creta. o porto de piraeus é algo fabuloso de cor e espectacularidade. milhares de carros alinham-se para entrar nos ferries. milhares de pessoas perfilam-se. a maioria a caminho dos decks dos enormes barcos que ligam as ilhas gregas. a fauna humana não é a mais recomendável mas por sorte partilhámos os nossos bancos com um casal colombiano/sérvio. vou falando espanhol e estou desperto. nos altifalantes não pára de tocar um misto de música árabe e pan pipes, e outras tretas do género, que dão a este cosmos uma aura de montanha mágica, onde tudo parece luminoso mas doente, um esplendor podre e mal-cheiroso.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

acrópole, atenas - 2 de agosto de 2008



estou na entrada da acrópole, pelo lado sul. oiço um músico a tocar violoncelo, vejo o parténon no alto e penso como o politeísmo dos gregos, capaz de erguer um templo neste monte inexpugnável, também conhecia decerto o nome de deus. com as mochilas perdidas em madrid e um calor infernal, que não conhece diferença entre o dia e a noite, estamos em atenas. à procura de pormenores.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

do recomeço

ouvir mais punk-rock, mais emo, mais político, mais punk. o que for.



... so i drink myself to sleep
and then i hide beneath the sheet
and i try to disappear...

do fim

se não estivesse sempre nos interstícios do fim, queria um fim-de-semana destes.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

arrepiante



foi simplesmente arrepiante a leitura de poemas de ruy belo por luís miguel cintra, ontem, na casa fernando pessoa. um final de tarde com as palavras de um dos mais lídimos cultores da língua portuguesa. não tenho mais palavras para descrever aqueles minutos em que a tarde morria em campo de ourique, numa sala silenciosa, onde quase podíamos ouvir a respiração de cintra a habitar e a dar vida aos geniais versos do poeta.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

darwin lied

antes das palavras a luz
uma voz funda que ecoa nas paredes negras
uma luz que tudo submerge
não falamos de deus nem dos homens
nem de um darwin que nunca conheci
não há nome para esse momento
e no entanto sei que depois de ti
a criação tem rosto de sentimento

no princípio era o amor

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Trabalho poético

A palavra é um corpo escrito
Rodeada por todos os lados:
Sangue, feridas póstumas, carreiros incendiados.
Trabalhada a partir de dentro, adere a um novo corpo
Adesão inicial, matéria firme e luminosa.
A sua breve idade é uma ondulação difícil
Um cavalo de fogo que se espanta ao sair do pensamento.
A palavra é um rumor insólito
Uma variação incomum de gente encarcerada
Um magma transitório entre o desalento e o significado.
Há palavras morte, palavras vida, palavras que se tornaram
Homens em busca de qualquer coisa e poemas que se tornaram
Buscadores de homens.
Palavras sem sentido, palavras segredo, palavras medo.
Em praias desertas, em lugares fragmentados, habitam palavras
Aguardando a existência da luz, o princípio que se abeira
Da névoa, da náusea, da carne envolvente.
Na palavra, calculando o voo necessário, estremece um pulso aberto
De um poeta excessivamente à procura
De um homem que nunca compreendeu.


Ricardo Pereira

Idade

Passa os dias sentado à porta
Vasculhando por entre as nuvens a solidão
Houve um tempo em que olhava o mar
Por detrás de uns óculos já muito graduados
Doía-lhe o cansaço e o estremecer da luz
Conhecia tão bem o horizonte que fazia escala ao segundo.

Dizem que sempre amou e foi amado
E que perdura ainda no seu rosto gente passando à hora certa
Gente com olhos, boca, narinas,
Gente normalmente apressada arfando sorrindo

Agora
Conhece um milhão de pássaros pelo nome
E ao anoitecer adquire a forma de uma ilha remota
Rodeada de silêncio náusea agonia.

Por vezes uma cidade ocupa-lhe os olhos
Construída na longitude do sonho
Levantada todos os dias às seis horas da manhã
Uma cidade perdida
Cheia de aranhas, desempregados, enforcados, vulcões.

Já não lhe fazem os gestos de outrora
E ele bem sabe que a idade é só uma outra forma de esperar.

Deita-se, adormece,
À beira-mar lembra o velho ofício da melancolia
E nenhuma voz passada vem-lhe devolver
A arte de seguir cantando.


Ricardo Pereira

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

arco de apolo, ilha de naxos, grécia



(enquanto não encontro disponibilidade mental para escrever umas linhas sobre a viagem)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Apontamentos dispersos

Sabes, não encontro Deus em lado nenhum
Mas gosto das doses fatais da poesia, dos venenos naturais
A que me obriga a solidão.

Tempos houveram em que habitávamos o sol
E eu sentia-me capaz, com um relâmpago na língua, de vociferar
De esclarecer, de experimentar a longitude dos outros

Cinge-se de grandes sombras a rua deserta

Gosto do abismo precário da flor em gestação, da noite
Com seus gestos de cinza primitiva e o vácuo: sémen obscuro,
E o sentimento de poder acabar com isto e com tudo.

Cinge-se de grandes sombras a rua deserta

Dizem que me deito sempre do mesmo lado, no lado profano,
No leito diagonal da precariedade e as lágrimas que verto
Não passam de cenas frias de um filme inacabado.

Cinge-se de grandes sombras a rua deserta

Não, nunca senti deus na luz nervosa, na assembleia matutina
Dos pássaros, tão pouco me levanto às alucinações diurnas
Às imagens folclóricas do tempo.

Cinge-se de grandes sombras a rua deserta

Sujo meus olhos de poeira nativa, de encontros inesperados,
Aqui todos habitamos a mesma rua vazia
Com os mesmos utensílios de escavar o silêncio e a dor.

Cinge-se de grandes sombras a rua deserta

A poesia é mais uma forma de dar forma ao invisível,
O paraíso silábico, o medo filiado no peito. Perturba-me
A noite, o transe das metáforas, o metal dos astros caídos
E tudo me acompanha na sede do engano e da ilusão…

Cinge-se de grandes sombras a rua deserta.


Ricardo Pereira

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Encontro

Tocas com as tuas mãos a extensão das minhas veias.

A fadiga e o rumor da noite cercam-nos
Pelos lados mais misteriosos que o encontro possibilita.

Procuras avidamente o que o tempo não quebrou
E os teus olhos são imprevistos do dia seguinte.

Minha sombra, aliás a nossa sombra, é o centro do mundo
O centro às avessas, o simulacro de si mesmo

E tudo se encaminha para a aurora em ascensão
Como um vendaval de corpos electrocutados.

Dir-se-ia que o ilimite segue o nosso corpo,

Os ossos gastos, a cabeça, os membros desfeitos
Atravessando estações de intempéries buscando

Abrigo dos clarões envenenados do meio-dia.
Em teu seio surge uma luz de escárnio

A luz incessante faustosamente furiosa
A luz que perdura ainda pela aridez do ar.

Por dentro do sorriso amargo da morte
Colherei em tua boca a espécie rara de rosa

E unidos no beijo azul, restituiremos o amor.


Ricardo Pereira

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

tu és a minha perfeita repetição



domingo à noite. um sofá e mil abraços.

na varanda da vida



podia ser o fim ou o princípio de tudo
as mãos entrelaçam-se com o sol que morre devagar
há coração nos teus lábios
e um segredo em cada sorriso teu

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

da maldade

o que se torna idiota e indecente naquilo que as pessoas são capazes de fazer umas às outras é a incapacidade de se olhar em frente no momento final. ao menos que a cenografia do mal fosse respeitada em todos os seus cânones.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

do regresso

tenho palavras secretas (escondidas). e já estive aqui neste lugar.

merecemos a vida

há uma ironia em todo este silêncio. um sorriso magoado e vazio. um nada que é mesmo nada mas ironicamente certo. está bem assim.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

abandono

A quem senão a ti direi
como estou triste? Mas se a tristeza vem
de tu não estares, como ta direi, como hei-
-de juntar o que me está doendo ao vento
que não bate mais à tua porta? Eu sei

que a tristeza é só isto, é só isto,
o descoincidir consigo mesmo, eu sei,
descoincidir com os outros, estava previsto
porque dentro de si o mundo não coincide e
não há senão tristeza. Em cada um está Cristo

sempre abandonado, cada um abandonado
a si mesmo, sem princípio e sem fim,
pois no princípio o amor era dado
promessa de te ter sempre junto a mim
não ausência, nem dor, nem habitado

ser por todo este absurdo. Morrer
um pouco, disse, sem saber o que dizia
pois eram só palavras, como se a prometer
tudo aquilo que havia e não havia.

Não haver palavras és tu a desaparecer.

Bernardo Pinto de Almeida
“Hotel Spleen”, p.99, Quetzal, Março 2003, p. 118.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

rumo ao sul



sempre rumo ao sul.



até setembro. um abraço.

terça-feira, 15 de julho de 2008

da palhaçada

mesmo quando pensamos que já tínhamos visto tudo, há palhaços que nem no circo os alimentavam.

terça-feira, 8 de julho de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

dos que não nos abandonam

Não sei se as vossas palavras são justas mas não duvido um segundo da vossa capacidade de julgar. e agradeço-as. são palavras amigas e repletas de um carinho que nunca vou esquecer. uma vida sem pessoas como vocês é uma vida de merda. essa é a diferença entre quem esteve lá e quem está. sempre. seja qual for a conjuntura ou a geração. se é que me entendem. um forte abraço. e já agora. uma forte canhota.

terça-feira, 1 de julho de 2008

da salvação

estar na margem é também isto. sentir que tantas vezes as coisas nos ultrapassam. mas serenamente e contemplando, tudo volta ao seu fluir natural.

terça-feira, 17 de junho de 2008

adeus, chefe

a partir de hoje somos órfãos. perde-se um chefe como se perde um pai, um amigo, alguém que gostava de nós e nos ouvia. mesmo na dor da doença, escutava-nos atentamente. pensava no nosso futuro. não queria que nos perdêssemos. mas a partir de hoje somos órfãos. e nada mais resta do que não esquecer o que sempre nos dizia.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Silêncio e amor

Cristo diz: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei» (João 15,12). Precisamos de silêncio para acolher estas palavras e pô-las em prática. Quando estamos agitados e inquietos, temos tantos argumentos e razões para não perdoar e para não amar facilmente. Mas quando temos «a nossa alma em paz e silêncio», estas razões desaparecem. Talvez por vezes evitemos o silêncio, preferindo-lhe qualquer barulho, palavras ou distracções quaisquer que elas sejam, porque a paz interior é uma questão arriscada: torna-nos vazios e pobres, dissolve a amargura e as revoltas e leva-nos ao dom de nós mesmos. Silenciosos e pobres, os nossos corações são conquistados pelo Espírito Santo, cheios de um amor incondicional. De forma humilde mas certa, o silêncio leva a amar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

da escuridão

o problema de falharmos inapelavelmente na vida (parafraseando ruy belo) não é a vida ser posta em causa. ou o seu sentido. o problema é mesmo o falhanço. ou a falha. que é o mesmo que dizer: não sopra uma brisa sequer. não há um único raio de luz. é a escuridão e o deserto cálido na sua máxima plenitude.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

estado puro

dizias-me às vezes que não sabias amar. que amavas demais. que não amavas o suficiente. que tudo te parecia sempre insuficiente. quanto tempo nos podemos desencontrar mais nas ruas da cidade, que não seja sempre o tempo da certeza do reencontro. agora aqui. digo-te sem hesitações. não procures. não vale a pena. o amor não tem uma medida. existe, parece-me que existe. de uma forma simples e confusa. suave e arrebatadora. o amor é a vida sem limites. a vida em estado puro.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

5 estrelas



depois dos 3 na pá, cinco no pacote. e no domingo, no dragão, 7? 10?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

dia da águia, "they said"



de manhã os jornais anunciavam que o benfica não precisava dos árbitros, nem mesmo dos que usaram caneleiras no passado (aka "sinto azia pelo jogo de ontem" - um derby de lisboa onde o sporting foi roubadíssmo). à noite descubro que afinal podiam ter mesmo jogado sozinhos. para levar 3 na pá não precisavam realmente do árbitro. só quero mesmo ver o que o jornalismo oficial vai dizer amanhã do dia da águia.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

sexta-feira, 28 de março de 2008

do sul



sou do sul. do mediterrâneo. gosto da terra. do entardecer. das casas brancas. do azul do céu. do cheiro das laranjeiras em flor. da roupa lavada ao sol. sou do sul. prefiro as planícies aos vales e às montanhas. prefiro o barro e o xisto ao granito. sou do sul. dos cantares pela noite fora. dos homens que se juntam para serem uma única voz. uma voz sem chuva. seca e grave como a terra. mas tão próxima dos corações que choram.

terça-feira, 18 de março de 2008

mais uma páscoa



mais uma romaria. a sul.

hotel de tóquio

eu quis escrever um post sobre o drama do passado domingo no pavilhão atlântico mas depois o blogger fez o favor de me destruir a prosa. por isso não escrevo mais sobre isso. pergunto apenas: quem são esses rapazolas quer versam sobre as monções?

quinta-feira, 6 de março de 2008

os dias o que são?

não saber resolver com palavras e gestos a maldade que o coração ditou.

o amor não existe

às vezes o amor não resiste à imperfeição das coisas e dos homens. é como uma folha de papel na qual se escreve, anota e corrige. e no final se deita fora. como se nada tivesse valido a pena. e é por isso que, como força maior, o amor não existe. ele é um sinal na noite que somos. uma luz tão ténue que poucos a vêem.

quarta-feira, 5 de março de 2008

do inexplicável



num dia com tantos fins, e tristes, passo a noite a ouvir diego el cigala. um álbum de 2001 que dá pelo nome de "corren tiempos de alegria". a voz do flamenco que não deixa o silêncio vingar.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

dos versos perdidos por aí

ler palavras e versos antigos faz-nos lembrar como fomos. depois parece que houve um regime que nos foi secando por dentro e nos emudeceu sem explicação. quando chove na nossa vida, as barreiras rompem-se e o rio torna-se violento. e as palavras não cabem nas margens. transbordam. perdem-se. nunca mais as voltamos a encontrar. o que ficou são uma meia dúzia de papéis que alguém guardou com carinho. e um dia, quando as lemos, lembramos sempre que não sabemos a razão da carestia que tivemos de ser capazes de suportar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

aniversário

hoje faço anos. no último ano, mudou tanta coisa que nem sei se ainda sou o mesmo. é este regime transitório em que as vidas se transformaram nos dias que correm. somos cada vez mais chuva fugaz e episódica. menos rios densos e largos rumo à felicidade.

é com este ténue pessimismo que vos agradeço o facto de virem até aqui para ler as poucas palavras que tenho escrito.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

do passado

I long to take you to a secret place
Where we could lay aside our past
We'd throw the world away with all its pain
To shine like stars through storm and clouds and rain


faces in disguise
sunny day real estate, the rising tide, 2000

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

a noite somos nós a velar cada fim de tarde



em dezembro de 2003 formulei dois desejos que se concretizaram em maio de 2007 e só há poucos dias soube. descobri, neste natal, quando me ofereceram o último livro do francisco josé viegas e reparei que, na mesma colecção, existia um livro que há muito havia pedido. mais ou menos 4 anos... hoje li que o meu caro tiago ia oferecer música no cais sodré. em troca do bilhete para o concerto ganhávamos o seu último disco. já não fui a tempo. ainda te sobrou algum? pelo menos, os meus desejos cumpriram-se. parabéns ao francisco e ao tiago.

segunda-feira, dezembro 15
prendas de natal
eu queria duas prendas blogosféricas para este natal. do francisco josé viegas (aviz), um livro chamado a noite, o que é?. do tiago (voz do deserto), um álbum repleto de letras e notas musicais suculentas. para uma prazenteira consoada ao som das cantigas de tiago guillul.

nestes dias que antecedem o natal, deixo esta singela homenagem aos meus blogues preferidos.


p.s. mais acrescento que o sítio da quasi edições merece um elogio pela sua qualidade. e o serviço não fica atrás. pedi o livro na terça à tarde. chegou-me na quinta à cobrança. sem cartão de crédito. sem cobrança de portes. gostei.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

no verão de 2002

Resposta

Perdi tantos dias a procurar
tantas respostas
para coisas que me são tão
estranhas

até que hoje na televisão
numa reportagem sobre a
trasladação do cemitério
da velha aldeia da luz

perguntaram a um homem
se ele havia rezado nos dias
que corriam junto ao grande rio
do sul

não que apenas chorava
às vezes
quando nada mais havia a fazer

e essa resposta foi tão clara como
como a luz do sol que me entra pelo quarto
todas as madrugadas

um alentejano não reza
chora

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

eu e tu

Nós

Tal como o que importa num poema é, como
escreveu Horácio, usar uma palavra conhecida
como se fosse nova, limpando-a do bafio do uso,
também no amor o que importa é olhar o rosto
que se conhece como se nunca o tivéssemos
visto, descobrindo de cada vez a surpresa de
um encontro em que a beleza nasce de uma
súbita sombra no modo como o olhar se desvia,
ou dessa luz que um entreabrir de lábios
derrama pelo mundo. Posso dizer: «Amo-te»;
e é como se nunca o tivesse dito antes; ou
ainda: «As tuas mãos!»; e o objecto que designo
transforma-se no verbo que faz avançar a vida,
para além da gramática e dos significados.


nuno júdice