sexta-feira, 22 de junho de 2007

o tempo não foge

deixo tudo para depois. não registo. não tenho diário. adoro assistir ao trabalho involuntário da memória. perder tudo. saber perder tudo. coisa por coisa. depois redescobrir, reencontrar. um som, um cheiro. o trabalho dos sentidos. deixo tudo para depois. vejo o rio correr. deixa o rio correr. não interessa. já esqueci. recordei, duvidei, abandonei.

as palavras de uma música



New York is lovely in the winter time
The sidewalks are white as snow
The buildings, all the people that pass me by
How the smile on his face says he's in love

I took the train all the way to Brooklyn Heights
I remember when you took it there with me
We sat side by side and held hands for sometime,
Misalluded the Statue of Liberty

And I have much farther to go
Everything is new and so predictable
I should just click my heels together and go home
But I'm not sure where that is, anymore

Oh how I wish I could go back in time
To the night when I heard my mother cry
She held me in her arms
And we talked for sometime
And I sang a song her mother sang to her

It goes, something about paper dolls and what men preffered
Something about the cross and how her Jesus died for her
Something about love and how it's worth fighting for
I wondered does love like that exist anymore?

And I, I have much farther to go
And I, I'm so confused I know
I should just click my heels together and go home
But I lost my way (back home)
When I lost you

Sometimes I cry when it's late at night
And you're not there to lay next to me
Morning breaks and the sun warms my face
How I wish it were you warming me


rosie thomas
"much farther to go"

quinta-feira, 21 de junho de 2007

navegação à vista

é curioso que alguém nos encontre neste oce@ano pelas palavras "agosto 2004 adeus solidão"...
estes foram os dois excertos de ruy belo que motivaram o achado.

***

"o amor só se conserva quando a solidão
de cada um dos dois é respeitada
mesmo que isso exija a implacável destruição
dos que não deixariam de se destruir
se dessem um ao outro a mínima das mãos"

encontro de garcilaso de la vega com dona isabel freire, em granada, no ano de 1526

***

"abraço-te com força antes da morte
sorriso frio com suor ao meio
olhos parados pela curiosidade
a face fácil da destruição
vestido que te leva quando o teu corpo suave
malvada cor de malva que me salva
antes que me dissolva na sonora selva
das cores da alva aonde o sol já silva
adeus regaço de que a custo me despeço"

a margem da alegria

imperfeição

é a certeza de que me falta ainda fazer tanta coisa que me garante o saber que estou vivo. e viverei nesta imperfeição desfeita em cada dia. guardando sempre um resto do incompleto. respirando. mantendo-me vivo.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

subtítulo

não se trata apenas de querer saber todas as razões da nossa inquietação. dizer sempre o que queríamos ajudava. estar sempre onde queríamos estar também. mas há coisas simples. há sempre um sorriso amanhã.há alguns sítios e pessoas pelas quais nos esforçamos sempre mais. mas não é por nada disso que vivemos. nem é por nada disso que iremos um dia morrer. e continuo estupidamente a dizer, ninguém conhece o dia nem a hora. ninguém mesmo.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

da ideia de declínio

"O europeu rirá do medo que o americano tem do fim do mundo uma vez que o europeu não acredita num final cósmico temporalmente delineado (o europeu, no que concerne à decadência das coisas, especializou-se no apodrecimento). Um europeu nunca poderá crer no fim do mundo porque, em rigor, um europeu não crê sequer na existência do mundo."

na mouche, tiago.

terça-feira, 5 de junho de 2007

uma cerca, um banjo, uma paisagem



sufjan stevens
for the widows in paradise; for the fatherless in ypsilanti

"I have called you children, I have called you son.
what is there to answer if I'm the only one?
morning comes in Paradise, morning comes in light.
still I must obey, still I must invite.
if there's anything to say, if there's anything to do,
if there's any other way, I'll do anything for you.

I was dressed embarrassment.
I was dressed in wine.
if you had a part of me, will you take your time?
even if I come back, even if I die
is there some idea to replace my life?
like a father to impress;
like a mother's mourning dress,
if you ever make a mess, I'll do anything for you

I have called you preacher; I have called you son.
if you have a father or if you haven't one,
I'll do anything for you. I did everything for you"

segunda-feira, 4 de junho de 2007

as minis estão quentíssimas

o que fazer quando se inaugura uma casa - com uma paella do mar (que durou desde as nove da noite às duas da manhã) e quatro grades de minis - e, mesmo assim, os espíritos permanecem. como se fosse impossível arrancar daquelas paredes a certeza de que alguém ali morou antes de mim. ali nasceu e morreu a minha família. e ali eu sou. e reconheço-me perfeitamente nas suas paredes brancas. no cheiro da madeira. nas pedras velhas da chaminé.