segunda-feira, 29 de junho de 2009

afadistado

O Benfica é o clube mais afadistado, mais chula, mais azeiteiro de Portugal. Basta haver um clube como o Benfica para toda a gente perceber que há qualquer merda em Portugal que não bate bem. O Benfica é a maior gosma de Portugal e arredores, incluindo as cagarras das Berlengas e das Desertas.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

mj (1958-2009)

people always told me be careful of what you do
and dont go around breaking young girls hearts
and mother always told me be careful of who you love
and be careful of what you do cause the lie becomes the truth

quarta-feira, 17 de junho de 2009

a vida será indistinta virá até nós como árvores

Um dia alguém numa grande cidade longí­nqua dirá que morri
di-lo-á decerto com pena mas sem o alívio que eu próprio decerto senti
primeiro ao solucionar de vez esse problema de respiração que a vida é
desde a convulsão da criança que a meio do copo deixou ir leite para a traqueia
até a instantânea atrapalhação do mergulhador a quem de súbito falta o ar comprimido
só dispõe da reserva e lhe faltava tanto que ver no fundo sonhador do mar
depois senti alívio porque às vezes a meio por exemplo da aragem na face
eu pensava na morte como problema metafísico a resolver pelo menos com higiene
se não com dignidade com acerto como mais um problema à medida do homem
Eu estava do lado dos vivos estou do lado dos mortos
o grande problema era saber se me doía ou se não me doía
agora nem sei se me doeu ou não ou fui um mero espectáculo de mau gosto
para a única pessoa encarregada de me ajudar nesse momento
Ninguém a princípio terá sabido que eu morrera só minha
mulher avisada de longe virá e me porá a mão sobre a testa
os demais não não disponho do olhar para me defender
o tempo depressa se passa são trâmites legais até me terem deixado
debaixo do chão bem debaixo do chão sem frases lidas
ou gravadas sem sentimento nenhum
Uns dias depois um pequeno grupo junto a uma grande janela
olhará a neblina da manhã de janeiro
e terá mãos que eu tive para os meus problemas de vivos
Onde eu estive sobre uma mesa com uma perna cruzada
suaves começarão a suceder-se e acumular-se os dias
como cartas revistas linguísticas ou livros adormecidos
despertos apenas no momento fugaz da leitura
A vida será indistinta virá até nós como árvores
rodará em volta como um lençol até cobrir-nos os ombros
Falareis de mim não posso impedir que faleis de mim
mas já nada disso me pesa como o simples facto de ter de ser vosso amigo
Estou só e só para sempre e só desde sempre
mas antes por direito de opção. Agora não
Deixaram-me aqui doutor em tantas e tão grandes tristezas portuguesas
e durmo o sono das coisas convivo com minerais preparo a minha juventude definitiva
Era como eu esperava mas não posso dizer-vos nada
pois tendes ainda o problema e a cara da pessoa viva

ruy belo

nota do tempo presente

um país parado. viciado. roubado. sitiado. malfadado. azarado. desanimado. destroçado. um país esfomeado de justiça.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

quinta-feira, 4 de junho de 2009

no limiar da noite

há uma poesia íntima que conforta a noite. leio e descubro. percorro cada verso como se buscasse a síntese entre o que sou e um mundo confuso e ruidoso de palavras que tantas vezes não querem dizer nada e ali, naquelas folhas que começam a amarelecer, subitamente se articulam numa dança e num jogo tão infantil como as rodas de mãos dadas. ali as palavras falam-me e eu consigo escutá-las. deixo-me estar. é tarde. avanço um pouco mais na meditação do poeta. mergulho nos interstícios daqueles caracteres. deixo-me estar. a noite verdadeiramente começou.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

entrecampos

o que importa a razão da noite. esse gesto avassalador. essa sombra que tudo cobre. o que importa o que nasce se a estrada está deserta. se a bem dizer o deserto está dentro de mim. com a sua areia quente e o seu vento armado em gume. volta noite, volta. deixa-me ver como um a um os dias se vão. como estamos sempre mais próximos do fim. mais lúcidos. mais feridos. mais nus. é a morte, só a morte, eu sei. mas e eu. não sou eu também.

terça-feira, 2 de junho de 2009

tempos antigos



cromeleque dos almendres, domingo de pascoela, 2009

na ombreira da porta do teu quarto

uma noite. uma imagem. palavras simples. vens de um sono profundo. consegues ver-me? sou esta voz que te preenche. mesmo no teu medo mais inocente, podes contar comigo. não sou o caminho, a verdade ou a vida. sou apenas esta voz. esta voz que vem do escuro. e te preenche. a repetição dos gestos. deus repete muitas vezes os seus gestos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

de uma praia perdida

o tempo como onda que destrói. limando feridas em aresta. escavando sonhos fundos. memórias em forma de espuma que vão e voltam, fazendo esquecer a verdade. onde está o sentido do mar? em que corrente navegamos?