quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

visível/invisível

eu não tenho medo que desapareças. não tenho medo que ontem tenha sido a última vez que te vi. o que receio e não posso recear mais é que da próxima vez que me vejas - que eu te veja - eu já não seja o mesmo. e isso temo porque está certo. ou melhor. temo porque já não sou o mesmo. e tu já desapareceste.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

rádio pirata

andei ocupado com algumas ilegalidades. podem verificar aqui. a partir de agora estou também na rádio pirata.

sábado, 11 de fevereiro de 2006

aniversário em família (2)

a cláudia também esteve lá.

aniversário em família

hoje faço anos. mas hoje a festa não é só minha. não sou só eu que faço anos. hoje é a festa de uma parte importante da minha família. com várias homenagens mais que justas e uma homenagem muito especial. porque a família não esquece os mais velhos. os que nos deixaram crescer e ser como somos. e estou feliz por me esquecer de mim. por a minha família ser mais importante do que o meu aniversário.

amanhã já não faço anos. mas a minha família permanece.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

sobre a posição do historiador

eu gostava de ter lá estado mas não estive. podia ter sido tudo diferente. hoje podia ter 50 anos. podia viver contigo e com eles. na nossa casa. sentar-me tranquilamente todos os dias numa secretária feita de madeira. repousar sobre o meu sucesso. podia ter desistido de inventar o meu país. escrever duas ou três coisas nostálgicas sobre aqueles dias. mas não estive. o mais importante é que não estive. nasci 6 anos depois. aprendi o que sei na minha casa, na minha escola, no meu agrupamento de escuteiros, nas várias famílias com quem vivi. aprendi coisas importantes no evangelho de joão e pouco na catequese. ouvi nirvana. deixei de comer carne. comovo-me de vez em quando, à noite, com um poema que fale do mar. tenho aparentemente um mundo inteiro por trilhar. e sei que um dia voltarás. e se não voltares encontrar-te-ei, custe o que custar. de que vale comover-me com o passado se o futuro puder ser o que eu quiser.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

antes de adormecer

fazia a minha oração diária diante de mais um livro de poesia. e, qual não é o meu espanto. encontro um pequeno papel com o teu nome e uma data dentro de um livro. por sinal, na página de um dos meus poemas favoritos. porque terei feito isto? porquê esta data? penso um pouco. volto atrás. penso outra vez. e relembro. este foi o primeiro dia em que nos beijámos. estremeço. já não consigo acabar de ler o poema. depois sorrio. bolas. que rebuscada artimanha para que a memória não pereça.

eu sabia. eu sabia que voltaria um dia aquele poema. para te encontrar assim. subitamente. adormecida ali.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

como nos tornamos adultos

faz agora dez anos que o inverno se transformou na primavera mais florida, no verão mais terno, no outono mais doce, que alguma vez sentira. há certamente para mim um antes e um depois desse inverno. amei sem saber amar. não havia caminho onde não estivesses. não havia frio nem medo.

o meu avô morreu no fim do inverno e eu não o consegui chorar. como é estúpida a adolescência.