terça-feira, 31 de outubro de 2006

tocar ao frio



sigur rós @ öxnadalur, islândia (28 de julho de 2006)

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

alquimia



não podemos sentir esta alegria em todos os concertos. na sexta-feira passada, os linda martini encheram o santiago alquimista de pessoas e de um som poderoso. é sobretudo música inteligente. música de quem gosta muito de música. para quem tocar é estar ali a partilhar uma imensa alegria com o público. foram minutos inspirados e inspiradores. música que faz pensar e sentir. despertar os sentidos. o álbum está mesmo quase aí e apenas resta confirmar se a gravação é da mesma qualidade do que nos foi apresentado junto ao castelo. alguns versos que me surgiram durante o concerto, perante a saudade de outros tempos, foram:

naqueles dias eu queria que o meu amor
por ti fosse o maior do mundo
mas vinha a noite
(era sempre noite)
e nunca amanhecia

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

salmo 137 (a propósito da entrevista de Lobo Antunes, ontem à noite)

Junto aos rios da Babilónia nos sentámos a chorar,
recordando-nos de Sião.
Nos salgueiros das suas margens
pendurámos as nossas harpas.
Os que nos levaram para ali cativos
pediam-nos um cântico;
e os nossos opressores, uma canção de alegria:
"Cantai-nos um cântico de Sião."
Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor,
estando numa terra estranha?

Se me esquecer de ti, Jerusalém,
fique ressequida a minha mão direita!
Pegue-se-me a língua ao paladar,
se eu não me lembrar de ti,
se não fizer de Jerusalém
a minha suprema alegria!

Lembra-te, Senhor, do que fizeram os filhos de Edom,
no dia de Jerusalém, quando gritavam:
"Arrasai-a! Arrasai-a até aos alicerces!"
Cidade da Babilónia devastadora,
feliz de quem te retribuir
com o mesmo mal que nos fizeste!
Feliz de quem agarrar nas tuas crianças
e as esmagar contra as rochas!

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

saca de café, queluz

reconheço o teu sorriso, amiga
escuto contigo as palavras dos homens
por entre o fumo e o porto e o café
tertuliamos no silêncio de quem olha
na surpresa da cultura que aqui mora

tão perto dos teus quatro caminhos
ouvimos a poesia sem demora

A importância de uma mão

Já pensaste, meu amor, na importância
De uma mão?
Antes de pegar a tua mão quantas vezes
Vagueei como uma água sem destino,
Quantas vezes vacilei nesta cidade ferido?
Era um pássaro sem sentido que tinha
Acordado no deserto sem diferenciar
Coisa alguma, sem olhar nenhum ponto
Como se o céu estivesse vazio.
Já pensaste se não fosse a tua mão?
Esse fogo sem medida que se ordena
Na alma e nos puxa para dentro do rio
Como se agora as águas já não se dispersassem
Mais. E os pássaros que voltaram do deserto?
A tua mão foi o meu farol, foi a semântica que
Hoje convoco do sangue para te escrever no
Poema. Percebes agora o acto de pegar a tua
Mão, simples e doce, como a criação o foi
Bem antes de nós? Percebes, amor, que o acto
De pegar na tua mão mudou o mundo e será
Lembrado até que a morte nos separe e talvez
Bem mais para além dela?
Tinha muitas prendas que te queria dar: uma
Flor, uma lua embalada, um perfume que gostasses
Um palácio onde os trovadores declamassem
Eternamente debaixo das estrelas.
Mas não te quero dar nada, uma mão chega
Para enganar a morte, uma mão basta. E depois
Nunca me entenderias se te desse algo que amanhã
Já não existiria.
Compreendes amor, a importância de uma mão?
Esse acto voluntário que sucede ininterrupto
Pela nossa vida de escolhas? Deste-me a tua mão,
Eu dou-te a minha mão e seremos felizes no
Deserto mais seco da terra, no abismo mais escuro,
No céu mais cinzento, no mar mais revolto.
Não tenho acesso ao interior da tua mão, não
Sei do que é verdadeiramente feita. Fico-me
Só pela sensação de te tocar e de olhar a minha
Mão na tua…


Ricardo Pereira

domingo, 15 de outubro de 2006

além de tudo

digo que gosto de ti. e isso basta para te amar?

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

meditação sobre a praxe

hoje, no comboio, duas miúdas da faculdade de letras envergavam o seu traje académico. discorreram sobre todas as divertidas praxes que iriam pôr em prática durante este dia mas a conversa apenas aqueceu quando se tratava de discutir as boas maneiras no uso do traje. o que me faz pensar que, apesar de viajarem no comboio da linha de sintra, tão distantes da tradicional praxe coimbrã, no fundo, toda a gente precisa de regras. até as alunas da faculdade de letras.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

dos amigos que se foram perdendo

prefiro dizer-te mil vezes - mudaste - do que dizer-te - já não és o mesmo.