quarta-feira, 30 de março de 2005
tenho medo de ir dormir
de suar com a febre. das dores no corpo. de sofrer na doença. tenho medo de não acordar jamais. muito medo. mais medo ainda do que acordar e tu não estares lá para me amar.
sexta-feira, 18 de março de 2005
partir
é essencial partir. a margem sempre se torna um dia insuportável. como todas as fronteiras dos corações. nesse momento, pouco mais resta do que calmamente empacotar as memórias, guardar o que pode fazer falta (para além da recordação dos teus lábios) e dar o primeiro passo na estrada do silêncio. nesse momento, é preciso não olhar para trás. não dizer adeus. não chorar. simplesmente partir.
onde me esperas?
onde me esperas?
sábado, 12 de março de 2005
interiormente
a tristeza não é somente as lágrimas que caem. é sobretudo uma pergunta sem resposta. uma incompreensão perante as coisas.
porquê? no que me tornei?
porquê? no que me tornei?
terça-feira, 8 de março de 2005
não me digas
escreveste essa palavra? com todas as letras, acentos e silêncios? como foste capaz?
como pudeste dizer que o amor é tudo? e eu o que sou?
como pudeste dizer que o amor é tudo? e eu o que sou?
era noite
era noite
(e não é sempre noite quando escrevo?)
era noite, dizia
era sempre a mesma noite
esse espaço e esse meu tempo
longo e difuso
como um fechar de olhos que se prolonga
para lá da luz
era noite e as palavras eram árduas
magoavam a luz que teimava
persistir
insistentemente
persistindo na brancura do vazio
(écran ou papel?)
era noite, dizia
e pouco mais nada podia
do que dizer ou escrever
que era noite
era noite o que sentia
(e não é sempre noite quando escrevo?)
era noite, dizia
era sempre a mesma noite
esse espaço e esse meu tempo
longo e difuso
como um fechar de olhos que se prolonga
para lá da luz
era noite e as palavras eram árduas
magoavam a luz que teimava
persistir
insistentemente
persistindo na brancura do vazio
(écran ou papel?)
era noite, dizia
e pouco mais nada podia
do que dizer ou escrever
que era noite
era noite o que sentia
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