domingo, 1 de agosto de 2004

no reino de moore



considerar este filme um trabalho de grande qualidade não significa que moore atinja o seu principal objectivo: convencer-nos de que a verdade das coisas é a luz captada pelas sua câmara de filmar.
de facto, o que moore nos traz em fahrenheit 9/11 é uma excelente peça de propaganda em que assusta a possível veracidade de tudo o que é transmitido. assusta sobretudo porque vemos retratado o que toda a gente sabia mas fingia não ver com olhos de ver. daí talvez as palmas no final (um pouco estranho) da imensa plateia que enchia a sala do monumental num domingo à tarde.
é cinema, perguntam alguns. claro, como casablanca o foi. como o pátio das cantigas da lisboa solarenta e fadista o foi. mas é uma propaganda sem disfarce, desafiando o poder republicano.

nem que teresa kerry fosse a madre teresa de calcutá, o candidato democrata teria mais apoio do que com o sucesso e o impacto brutal deste filme. moore tem a arma que todos os opositores quereriam ter. a astúcia de pôr a nu a miséria de um homem que se torna a desgraça de um país.

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