sexta-feira, 28 de abril de 2006
quarta-feira, 26 de abril de 2006
sinal do tempo
é o ar limpo pelo inverno que anuncia agora o verão. pode inspirar-se e expirar-se. transpira chuva e vida e verde.
da desilusão
sermos tudo e afinal nada. pouco mais que uma desilusão, uma noite mal passada, algumas lágrimas circunstanciais. ser afinal a vida breves momentos desgarrados onde a soma das partes é nula. a definição da desilusão. a negação dessa outra vida que nos iludiu.
sexta-feira, 21 de abril de 2006
primeira visita
voltar a entrar naquela casa. na minha casa. ter pudor de lhe chamar minha. de ela ter sido sempre minha e de todos os que chamei meus. mas não lhe poder chamar minha assim. e de repente me sentir verdadeiramente herdeiro de tudo o que me antecedeu. ser eu afinal o fim e o princípio daquela casa. a sua morte e a sua ressurreição.
quinta-feira, 20 de abril de 2006
guadalupe
foi na velha ermida que nos abraçámos ao amanhecer. a brisa alta dos campos respirava por entre nós os dois. o dia começava ou terminava? o que dizer perante tanto silêncio?
quarta-feira, 12 de abril de 2006
páscoa
Então Pedro e o outro discípulo sairam e foram ao túmulo ver o que se passava. Iam a correr juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Inclinou-se para ver e reparou que as ligaduras estavam no chão, mas não quis entrar. Logo a seguir chegou Simão Pedro. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver as ligaduras no chão e o pano que cobria a cabeça de Jesus dobrado a um canto e não misturado com as ligaduras. Depois entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro. Viu e acreditou. Na verdade ainda não tinham entendido a Sagrada Escritura, segundo a qual Jesus havia de ressuscitar. Depois disto os discípulos foram-se embora para casa.
joão 21: 3-10
quinta-feira, 6 de abril de 2006
mailbox
receber um postal teu já não é o mesmo que receber-te. passou demasiado tempo. a tua caligrafia não substitui os teus gestos. o cheiro do papel não é o mesmo do teu perfume. mandas-me um postal e tu já não vens nele. este é o princípio e o fim de tudo.
guardo o teu postal. como todos. mas já não sei onde te esconder.
guardo o teu postal. como todos. mas já não sei onde te esconder.
quarta-feira, 5 de abril de 2006
oh as casas
o que é preciso para chamarmos "nossa" a uma qualquer casa. para mim, livros, muitos livros. poucas fotografias. algumas de quem já partiu. uma sombra. uma luz a entrar timidamente. mesmo muito timidamente. um cheiro doce. como cera do soalho. uma respiração. uma música. muita música também.
a casa velha agora nova
lembro-me daquele poial onde a brisa quente era como um hálito no meu pêssego de verão. lembro-me das tardes de calma em que estava proibido de sair à rua. deitava sempre sangue do nariz. obrigavam-me a dormir. não pregava olho. fazia-me confusão aquele silêncio apenas interrompido pela cigarras. se a vida estava lá fora, com os moços e as pedras, como poderia dormir? um dia cercaram-me e bateram-me. eu não era dali. aprendi nesse dia a lição sempre útil da maldade humana. depois chorei e não me lembro de ali voltar. aquele beco passou a ser interdito. para isso mais vale dormir.
segunda-feira, 3 de abril de 2006
poema breve de verão
era naquele muro de tijolo burro e cal sumida
que eu media a minha altura a cada sucessivo verão
um dia vi o que se via para lá da vida
o guadiana um campo imenso de oliveiras velhas
e encardidas dançando suavemente com o suão
que eu media a minha altura a cada sucessivo verão
um dia vi o que se via para lá da vida
o guadiana um campo imenso de oliveiras velhas
e encardidas dançando suavemente com o suão
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