quarta-feira, 31 de agosto de 2005
a caminho de zagreb, 12 de agosto de 2005
este é certamente um dos percursos mais belos das ferrovias europeias. sempre ao lado do rio e das montanhas eslovenas, o comboio atravessa pequenas neblinas matinais. tudo é verde pois afinal chove sem parar. como te queria agora abraçar, deixar-te adormecer no meu ombro. beijar-te o cabelo ao de leve. encostar apenas os lábios. amar-te.
zvezda, liubliana
é numa esplanada junto ao rio
que trabalhas a servir gelados
tens o rosto simples o sorriso tímido
das mulheres mais belas que
deus criou nesta terra
apaixonada é quase impossível
esconderes o amor que te revela
cabelo desalinhado mãos sujas
dos doces és o ritmo da cidade
e da noite que passa devagar
a tua voz suave os teus gestos
precisos o teu corpo esguio
és a musa deste café
valia talvez a pena morrer aqui
contigo
liubliana, 11 de agosto de 2005
liubliana é a cidade do charme e da classe. a cidade com um dos centros históricos mais bonitos e aconchegantes que já tive a oportunidade de visitar. ao cair da tarde começa o jazz nas três pontes e as luzes acendem-se lentamente para esconder bares e recantos fabulosos. aqui vivem as mulheres mais bonitas da europa... ou quase todas... o castelo tem um trabalho de revitalização espantoso, digno de um país evoluído quanto à sua consciência patrimonial. simplesmente espectacular. à noite, a cidade é uma aldeia de sorrisos e de rostos quentes. e aqui pensei tanto em ti.
terça-feira, 30 de agosto de 2005
dona nobis pacem domine
em oração pelo querido irmão roger, pela sua entrada na eternidade, e por uma pessoa, tão querida a outra a quem prometi esta prece. (e quem disse que deus não caminha sobre estas águas cibernéticas. e não escuta os que não sabem rezar.)
jesus, tu conheces os nossos corações, tu sabes como a simplicidade da nossa confiança é bebermos já da tua água viva. deixa o teu espírito semear a serenidade nas nossas vidas, para que, em alegria, saibamos escutar a boa nova da destruição da morte pela tua ressurreição.
jesus, tu conheces os nossos corações, tu sabes como a simplicidade da nossa confiança é bebermos já da tua água viva. deixa o teu espírito semear a serenidade nas nossas vidas, para que, em alegria, saibamos escutar a boa nova da destruição da morte pela tua ressurreição.
segunda-feira, 29 de agosto de 2005
intermezzo (a escutar sufjan stevens)
se eu amei antes de te conhecer porque será tão difícil voltar a amar?
domingo, 28 de agosto de 2005
café montmartre, budapeste
posso te encontrar se
descer um pouco da catedral
de santo estêvão e entrar no
café que tem o mesmo nome do
bairro parisiense onde sonhei
encontrar a amélie, uma qualquer
amélie que me despertasse para o
sonho da vida
ao entrar olharás para mim
com o teu sorriso tímido
e perguntarás no teu fraco inglês
o que desejo
mas eu não sei o que desejo
ou por outra sei
sei que te desejo com a
profundidade que o danúbio
transporta nesta cidade
sei que te desejo tanto como
não te conhecer de forma alguma
desejo-te na mesma medida
em que a tua beleza deleita
os homens feios que serves
todos os dias (incluindo o teu patrão israelita)
desejo-te e já não sei desejar-te
dirijo-me para a ponte
uma qualquer ponte e atravesso
o rio para buda
e no fundo ficaste e fiquei sem resposta
budapeste, 8 de agosto de 2005
depois de cracóvia viajámos até viena. ficámos apenas um dia. fui ver "a arte da pintura", de vermeer, e acabei por descobrir a beleza de outros génios como caravaggio. viena é uma cidade monumento mas um pouco vazia de vida (talvez por ser um domingo).
chegámos à noite a budapeste. com esforço, conseguimos parar de desconfiar do suposto membro da hostelling international (entre ofertas menos lícitas que este nos fez, nomeadamente a proposta que se seguiu à pergunta "do you like girls?"), que nos alojou numa espelunca suportável. hoje visitámos a parte histórica da cidade e enviei o teu postal. escrevo agora no café montmartre, junto à catedral de santo estêvão, um monumento magnífico. escrevi no postal que ainda te amo. com tão pouco tempo para escrever tenho de me reduzir ao essencial. e tu és o essencial.
sábado, 27 de agosto de 2005
auschwitz-birkenau, 5 de agosto de 2005
fiz a barba pela manhã como quem se prepara para uma cerimónia importante. um funeral, por exemplo. visitámos certamente um dos sítios mais importantes da história da europa. um sítio horrendo e terrível. criador de um profundo nó no estômago. mas um sítio fundamental para compreender a espécie humana. a nossa guia quase chorou enquanto descrevia a vida quotidiana no campo de concentração. É um sem número de experiências que se podem viver durante toda a visita. espanto, horror, medo, nojo...
cracóvia é uma cidade pequena e acolhedora com um centro vivo e dinâmico, onde as pessoas se encontram a qualquer hora do dia.
partimos hoje para viena.
chegar e partir, eis as duas forças da viagem. e no meio da tensão, viver sabe muito bem. como se sempre estivéssemos estado aqui.
quinta-feira, 25 de agosto de 2005
cracóvia, 4 de agosto de 2005
deixámos praga pela noite, abandonando uma das estações mais estranhas que já vi - hlavna nadrazí - sobretudo pelo cheiro e pelas pessoas que aí circulam... apanhámos um comboio checo com destino a cracóvia onde conhecemos o matas (mateus), um rapaz criador de techno checo! no mesmo compartimento ia um polaco bastante simpático. depois de o matas ter enxotado um drogado eslovaco começámos a partilha: o matas ofereceu uma garrafa de vinho para os quatro que viajavam no compartimento.
mais tarde, chegaram alguns italianos com quem falei noite fora. pelo meio, tiveram de resolver um problema com uma napolitana que viajava com eles. no cerne da questão, o problema das várias "itálias". da pobreza do sul e da riqueza do norte (ela não gostou que eles dissessem esta verdade)...
chegámos a cracóvia bombardeados pelas ofertas de alojamento. agora escrevo num bar simpático da praça central - café vis à vis - porque chove torrencialmente.
hoje fazes anos, mamã. e estamos tão longe.
quarta-feira, 24 de agosto de 2005
praga, 2 de agosto de 2005
depois da atribulada viagem até amesterdão, em que corremos o risco de ser obrigados a pernoitar em paris, em amesterdão não houve tempo para escrever. nem poderia haver. para além de ser uma cidade absolutamente fascinante, amesterdão é uma cidade de pecado. e quando se peca não há tempo para contrições, como o é sempre o acto da escrita.
partimos depois ao encontro da "arabizada" cidade de dusseldorf. foi kebab e partir!
chegados a praga, ficámos alojados numa escola primária transformada em youth hostel. não há palavras para descrever a cidade, sobretudo o percurso entre a praça velha com o famoso relógio (um logro absoluto!), e o castelo, com um especial destaque para a mágica karlov most (ponte de carlos). um sítio lindo e extraordinário. pleno de jazzy feeling.
hendaye, 31 de julho de 2005
depois de uma noite bastante mal dormida chegámos a hendaye onde esperamos pela ligação a paris. custa imenso atravessar uma noite em que não se tem posição para dormir. facto positivo, acho: ainda quase não pensei em ti. nem acho que vá pensar muito. com tantas pessoas e sítios para conhecer a nossa vida fica um pouco esquecida... será? até quando escreverei para ti?
entre pombal e coimbra, 30 de julho de 2005
de regresso
chegado a casa é hora de arrumar as ideias. aqui fica um mapa com o percurso que fiz. basta clicar na imagem para ver em pormenor. a verde, os percursos de comboio. os quadrados amarelos, os locais onde ficámos um pouco mais. nos próximos posts fica a reprodução do pequenito diário de pequenitas ideias que fui coligindo ao longo da viagem, bem como algumas fotos da nossa autoria.
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