A palavra é um corpo escrito
Rodeada por todos os lados:
Sangue, feridas póstumas, carreiros incendiados.
Trabalhada a partir de dentro, adere a um novo corpo
Adesão inicial, matéria firme e luminosa.
A sua breve idade é uma ondulação difícil
Um cavalo de fogo que se espanta ao sair do pensamento.
A palavra é um rumor insólito
Uma variação incomum de gente encarcerada
Um magma transitório entre o desalento e o significado.
Há palavras morte, palavras vida, palavras que se tornaram
Homens em busca de qualquer coisa e poemas que se tornaram
Buscadores de homens.
Palavras sem sentido, palavras segredo, palavras medo.
Em praias desertas, em lugares fragmentados, habitam palavras
Aguardando a existência da luz, o princípio que se abeira
Da névoa, da náusea, da carne envolvente.
Na palavra, calculando o voo necessário, estremece um pulso aberto
De um poeta excessivamente à procura
De um homem que nunca compreendeu.
Ricardo Pereira
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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