domingo, 25 de dezembro de 2005

outro in no minor

the end of this night we'll remember - it redesigns our lives

anniversary

sábado, 24 de dezembro de 2005

Feliz Natal



Michelangelo Merisi, o Caravaggio
Natividade com São Francisco e São Lourenço
1609

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

carta de amor por vermeer



vou para a semana que vem para milão onde não há qualquer vermeer. convém assim que ofereça esta carta de amor a este blogue. uma prenda de natal antecipada.

notas soltas

é o tempo real. a global informação em tempo real que se mistura com a vida e os beijos por celebrar. um post. o messenger. um livro de correspondência do séc. XIX. arcade fire nas colunas. falta pouco para o natal. não sei bem o que significa para mim. é o tempo real a celebrar o nascimento de jesus. é tudo. é a confusão de tudo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

poema de natal

Sobre um simples significante

"Meados de janeiro. No aeroporto duma capital
- Leitores eventuais se quereis saber qual
terei de ser sincero como sempre o sou e não apenas em geral:
o caso que vos conto aconteceu no europeu nepal -
um grupo de pessoas num encontro casual
desses que nem viriam no melhor jornal
de qualquer dos países donde alguém de nós seria natural
decerto por alguma circunstância puramente acidental
emprega no decurso da conversa a palvra "natal"
embora a pensem todos na respectiva língua original
E sem saber porquê eu sinto-me subitamente mal
Ainda que me considerem um filólogo profissional
e tenha escrito páginas e páginas sobre qualquer fenómeno fonético banal
não conheço a palavra. Porventura terá equivalente em portugal?
Deve dizer-me alguma coisa pois me sinto mal
mas embora disposto a consultar o português fundamental
ia jurar que nem sequer a usa o leitor habitual
de dicionários e glossários e vocabulários do idioma nacional
e o mesmo acontece em qualquer língua ocidental
das quais pelo menos possuo uma noção geral
conseguida aliás por meio de um esforço efectivo e real
E ali naquela sala principal
daquele aeroporto do nepal
enquanto esperam pelo seu transporte habitual
embora o tempo passe o assunto central
da conversa daquele grupo de gente ocasional
continua na mesma a ser o do "natal"
Tratar-se-á de um facto universal?
Alguma festa? Uma tragédia mundial?
Consulto as caras sem obter satisfação cabal
Li por exemplo a bíblia li pessoa e pertenci à igreja ocidental
e tenho de reconhecer que não sei nada do natal
Mas se assim é porque diabo sofro como sofro eu afinal'
Porque me atinge assim palavra tão fatal?
Que passado distante permanece actual?
Como é que uma mera palavra se me torna visceral?
Ninguém daquela gente reunida no nepal
um professor um engenheiro ou um industrial
um técnico uma actriz um intelectual
um revolucionário ou um príncipe real
que ali nas suas línguas falam do natal
aí por quinze de janeiro e num dia invernal
pressentem como sofre este filólogo profissional
Eu tenho atrás de mim uma vida que por sinal
começada no campo e num quintal
junto da pedra da árvore e do animal
debaixo das estrelas e num meio natural
vida continuada na escola entre o tratado e o manual
me assegurou prestígio internacional
Mas para que me serve tudo isso se naquela capital
entre pessoas que inocentemente falam do natal
eu que conheço as coisas e as palavras de maneira oficial
que como linguista as trato de igual para igual
travo afinal inexorável batalha campal
com tão simples significante como o de "natal"?
E entre línguas diversas num aeroporto do nepal
alguém bem insensível sofre mais do que um sentimental
pois pressente em janeiro que se o foi foi há muito o natal"

ruy belo

ponte vasco da gama

uma das coisas que mais gosto em ti é tu não saberes lidar com o que sinto por ti. teres um medo quase infantil pelas minhas palavras que tu sabes que são de amor.

primeiro balanço

o ano vai terminando a passos largos. não cumpro o meu desejo de reunir a turma do liceu. tanta coisa passou. tanto que já não me lembro. apaixonei-me uma ou duas vezes. amei pouco. tenho muitas dúvidas. continuo a ter muitas dúvidas. aprendi duas ou três coisas que nunca mais esquecerei. vi sítios que nunca mais voltarei a ver.

mas hoje jantei com os meus amigos. os únicos que tenho.

e o natal não passará nunca disto. um tempo para sabermos quem gosta de nós. de quem gostamos. quem somos, afinal.

domingo, 11 de dezembro de 2005

melo



o álbum do senhor melo d está aí. gosto sobretudo da música mas também do homem que tantas vezes apanhou o mesmo comboio que eu com o filho às cavalitas. o que faz falta são boas vibrações. não é assim, melo d?

sunday afternoon

arrumar gravetas é purificador. liberta. tão útil como resolver um assunto com dois anos e meio de atraso, a uma pessoa a quem já havíamos feito o luto.

vaidade

um gesto de vaidade não faz mal a ninguém. mas tem de ser apenas um. mais do que isso é abuso, é vício. e no abuso está o mau uso.

do blog

escreve-se pouco por aqui. deixa-se que a vida engula as palavras.

christmas time

uma prenda de natal pode ser uma declaração de amor tão boa como outra qualquer.

injustiça

ao contrário do que se poderia pensar, é menos injusto amar e não ser correspondido, do que simplesmente não amar. é tudo uma questão de acção. não agir é ser violentado pelas obscuras leis naturais.

sábado, 3 de dezembro de 2005

há noites em que só apetece dizer

terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

mal de te amar neste lugar de imperfeição
onde tudo nos quebra e emudece
onde tudo nos mente e nos separa


sophia de mello breyner andresen

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

ela, sempre ela

hernández

duas ou três cervejas. bochechas quentes. bichinhos do mar. conversadas noite fora. assim se vive na atlântida dos horríveis murais. uma das últimas cervejarias da minha terra.

temporal

que amor é este que vive na certeza de que os nossos lábios jamais se unirão?

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

rapidamente

consigo passar do naufrágio da memória ao conceito de cultura. da civilização ao prato de lulas. da primeira companhia (ou lá o que estava a dar) ao blogger para mais um post-it. fim de tarde. fim de noite. até amanhã.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

o concerto

dos que já vi este foi o melhor. recordo também portishead no sudoeste em 1998. recordo mesmo pearl jam no dramático de cascais em 1996. recordo outros. mas este foi o melhor.
o som do coliseu estava soberbo - coisa rara nas nossas salas. o alinhamento saltitou constantemente e de uma forma harmoniosa entre o novo álbum e os precedentes. até mesmo a primeira parte encheu a medidas.
o concerto começou com a projecção das sombras da banda num desenho perfeito de silhuetas e formas e terminou com os aplausos imensos de um público vencido pela qualidade dos quatro islandeses, enquanto se projectava em fundo a capa do novo álbum e um enorme takk...
sigur rós, coliseu dos recreios, 20 de novembro de 2005 - uma data a não esquecer. nem que fosse pelos sorrisos que provocaram na noite chuvosa de lisboa.

domingo, 20 de novembro de 2005

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

porque o caminho é longo

dá até medo sentir tanta confiança e alegria com o mar de problemas que me sufocam. é um certo medo de uma impossibilidade, de uma relação ilógica entre crise e crescimento. ou até mesmo mudança. em cada novo dia. um renascimento de mim.

eu não vou por aí

sair da adolescência é essencialmente repetir nos nossos gestos as palavras de régio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

a minha noite

são quatro paredes onde me reencontro. uma música fútil. luzes intermitentes. um divã sem psicanálise.

juventude presidencial

ouço os mandatários da juventude no expresso da meia noite . o pacman foi o mais sincero. mal preparado e desleixado, até podemos dizer. o miguel guedes é o louçã versão "músico do porto". o do partido comunista (não decorei o nome) é o jerónimo versão "jovem", "pelos trabalhadores, contra o grande capital". sempre a mesma cassete. a fadista/médica não apareceu. da joana amaral dias, só me lembro que tinha uma camisola verde...

contrato bloguítico



eu vou votar em manuel alegre.

oração

nada se pode colocar entre nós e o amor de deus. o amor de deus revelado por jesus.

necessidade

tu não me amas porque eu não te faço falta. é impossível ignorar. o amor é uma necessidade tão básica como qualquer outra. é afinal também por isto que te amo. porque me fazes falta. porque a noite prossegue sem ti. porque tu bastavas.

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

zapping

não me consigo decidir. faço um zapping frenético à hora de jantar. mário soares em directo. villareal em directo. shakira em directo. mtv european music awards em directo. não preciso de fazer links. não consegui ver nada. como calcular o share desta noite?

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

desejo para novembro

eu queria escrever mais. ter a disciplina protestante do tiago. a convicção do francis. ou a imaginação da cláudia. mas é doce a brisa que corre na margem.

pós-socialismo

não há nada como um fim-de-semana grande com um dia de trabalho pelo meio.

de pé, ó vítimas da fome...

domingo, 30 de outubro de 2005

paz

ter pouco em que confiar. e esse pouco me bastar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

o dia do eu não vou

eu não vou ao rock in rio. eu não vou fazer greve. eu não vou votar em cavaco.

das mulheres

há dois tipos de mulheres que não me interessam. as que arranjam demasiado as unhas. as que mascam pastilha de boca aberta. e, confesso, também as que falam alto. todos os outros tipos são a elite do género.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

metodologia

o gosto pela história teve um início perfeitamente infantil. descobrir que tinha havido pessoas antes de mim e até antes dos meus pais, ou ouvir a minha mãe contar o que eu tinha feito, as minhas histórias. saber como a verdade não pode ser objectiva. às vezes corrigia. outras vezes silenciava. fazia a minha história de vencedor. às vezes envergonhava-me. outras vezes sorria. a história é sempre um discurso dos vencedores.

dos vencedores que sabem escutar.

domingo, 16 de outubro de 2005

porque hoje é sábado

nem imaginas como um beijo teu e uma ou duas músicas poderiam mudar a minha vida.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

herbalife sucks

o único prazer de ir assistir a uma sessão matinal de lavagem cerebral anti-gordura, via herbalife, é sair a meio, apanhar o metro e almoçar um belo e gorduroso repasto numa daquelas tascas com ar de restaurante que abundam na baixa da cidade.

o meu pai também é historiador

e é o mais longo contador de histórias que conheço. fica sempre algures entre o tédio e a exaltação de um profissional. gosto sobretudo das histórias antigas cujos personagens têm nomes que já não existem. nomes que morreram com a passagem irreversível de um determinado tempo. gosto das histórias com muitos pormenores. saborear as suas imagens. a sua revelação de um passado que nunca poderei viver.

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

segredo

depois da chuva, o frio. para o inverno falta apenas que o outono arranque as folhas que restam. e mais uma coisa que não posso dizer.

um problema de mediação #3

tem um convertido legitimidade para acusar de falta de devoção, fé ou asssiduidade ao culto, aqueles que sempre tudo fizeram o que a igreja mandou? tem a fé o condão de fazer esquecer que o cristianismo é essencialmente comunidade?

um problema de mediação #2

ver a imagem de lili caneças em fátima, sorridente, com os lábios pintados de rosa, é razão para desligar a televisão?

um problema de mediação #1

rezar a nossa senhora de fátima, em frente à televisão, é diferente de rezar noutro sítio qualquer?

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

segunda-feira na cidade

finalmente a chuva. depois da vergonha que foi a campanha eleitoral esperava-se algo que lavasse as almas, que assentasse o pó e o ruído das ruas efusivas de um verão demasiado tardio. oiço os pássaros e a vida a renascer. e as mangas curtas, de repente, ficarem demasiado curtas. como a vergonha na cara que teima em se extinguir.

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

deus queira

é no deserto que surge o sopro de deus. o seu nome diz-se ao de leve. sussurrando. para antecipar as coisas. para curar as feridas mais dolorosas. para que nada se repita.

como cair se transforma irremediavelmente numa prova de fé. na mais forte crença de que mesmo ali ele estava connosco.

pela palavra



mesmo nestes dias em que os frutos tardam em surgir deixo a palavra enxertar a vinha. continuamente. porque deus não dorme. deus nunca dorme.

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

discurso de despedida (não o meu...)

o vai-e-volta da blogosfera não pára de surpreender. para quê tantas despedidas e regressos? não podiam dizer apenas que iam mudar de template? dizia-me um amigo recém-chegado que isto estava a perder qualidades e autores de referência. fiz bem em aconselhar-lhe paciência.

talvez um sentido que seja

há sempre aquela altura na vida em que as pessoas que nós mais queríamos nos viram as costas. aquele dia em que só estamos com quem não queremos estar. aquela tarde em que nada parece fazer sentido na nossa vida. é nessa altura que recomeço. volto atrás. expulso o im de impossível, como b.p. nos ensinou. torno a felicidade possível. ao alcance de uma luz imaginada numa janela do comboio. ao alcance da simplicidade de um amor que não tem fim.

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

rapidamente

a melhor coisa que podia ter acontecido à blogosfera foi o regresso de francisco josé viegas com a noite, o que é?.

a noite é ler-te saboreando cada palavra.

noite paroquial

mesmo que eu fosse o mais católico dos homens. mesmo que deus me tivesse chamado a roma, como chamou paulo na estrada de damasco. mesmo que eu vivesse na mais plena comunhão dos santos. ser-me-ia sempre insuportável ouvir um padre falar dos sacrifícios que fazem os doadores de esmolas (e o quanto é preciso saber gastar esse dinheiro) envergando um pullover amarelo da gant pago, provavelmente, pela mesma suada maquia.

que saudades da palavra, tiago. que saudades de deus.

domingo, 18 de setembro de 2005

uma objecção

o problema da felicidade não é tanto como nos sentimos agora, ou como nos sentimos ontem. nem sequer se trata de tentar antecipar o que devemos ou podemos sentir amanhã. o problema da felicidade é o que se procura. é no futuro que os nossos olhos desenham os nossos gestos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

o meu objectivo para o mês que vem

ser capaz de ouvir o silêncio.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

a cor mais bonita

o sol a morrer na pedra branca.

carta-prego

cláudia, fui esquecendo as cartas-prego que abri. guardo uma ou outra ainda fechadas, como se de um tesouro se tratassem. naqueles dias eu sabia e conhecia o que lá estava escrito. não porque fosse da escola do francis mas porque a patrulha a guardava como troféu de caça. hoje decerto que só indo buscar as fotocópias dos mapas, debotadas pela chuva, poderia encontrar esse nomes estranhos de terras que tanto nos fazem rir. mas há uma cumplicidade que nunca esquecerei. meia pelo joelho. bota de atanado. estrada acima. estrada abaixo. ao ritmo da bandeirola.

domingo, 11 de setembro de 2005

domingo à noite

ouvir sufjan stevens. ler duas ou três páginas do jornal. apagar a televisão. escutar a cidade. sentir os últimos rastos do calor de verão.

domingo, 4 de setembro de 2005

taizé, ponto n1 da igreja da reconciliação, 21 de agosto de 2005, 21h20

"sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

pensa em mim protege o que eu te dou
eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve p'ra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar"

mafalda veiga
cada lugar teu

taizé, 20 de agosto de 2005

hoje faz 65 anos desde o dia em que o irmão roger chegou pela primeira vez à vila de taizé. hoje que o fui ver uma vez mais à igreja.
vou lá como um estranho que se sente triste, e ele sabe disso, mesmo sem me conhecer, pois agora já está com o pai. vou lá como um estranho, como acontece sempre que rezo. como alguém que não sabe rezar, nem sabe muito bem no que acredita. sou um estranho afinal a isto tudo. tão estranho como o sou para ti.
por um acaso tão triste volto-te a encontrar. e tu passas como se não me conhecesses. e eu falo contigo como se não te conhecesse também. e somos dois estranhos assim nesta vila tão pequena para o nosso desencontro. a vida desencontrou-nos afinal. agora somos dois estranhos.

taizé, 18 de agosto de 2005

sentado na igreja, velo o corpo do irmão roger. música clásica enche a igreja da reconciliação de uma harmonia comovente. o que fazer perante tal tragédia? o que dizer perante a grandeza deste homem singular, que dedicou toda a sua vida ao serviço de cristo e dos mais pobres? que oração pode ser dita nesta hora de tristeza? talvez apenas a mais simples como o irmão roger sempre nos ensinou. palavras humildes de agradecimento, que o possam acompanhar na sua partida para a eternidade.

na morte do irmão roger, 16 de agosto de 2005



roma tornou-se a cidade onde soube uma notícia muito triste. a morte do irmão roger em taizé, assassinado hoje na oração da noite. parto hoje para lá e chego amanhã à hora de almoço. como estará taizé com tal perda, de uma forma tão dramática? a dimensão da personalidade de roger diz-me que viverei pelas piores razões um momento histórico. sucede-lhe o irmão alois que conheci em lisboa na preparação do encontro do último inverno. uma pessoa afável e simpática. como será o futuro?

roma, 16 de agosto de 2005





terminou aqui na cidade eterna o nosso inter-rail. partimos amanhã para taizé. roma é uma cidade absolutamente histórica e monumental. cada rua um monumento. invadida por japoneses, não é uma cidade fácil de visitar, tal as hordas de turistas que nos afligem. poder-se-ia dizer que pela sua magnitude e importância há quatro locais imperdíveis: a basílica de s. pedro, a capela sistina, o altar da pátria na piazza veneza e o coliseu romano. tudo o mais é o regresso às nossas mais profundas origens.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

não é o sol apenas que morre



não é o sol apenas que morre
ao largo de stari grad
não é a luz que desliza
desenhando pequenas ondas
que vêm até mim
não é o céu demasiado largo
em tonalidades tão infinitas
quanto a imensidão da luz
não são as crianças que brincam
que dão os últimos mergulhos
antes do regresso a casa
não é a impossibilidade de tudo
abraçar de tudo poder fazer
de uma só vez
não são as árvores que assistem
impávidas ao entardecer
não são os barcos que regressam
das longas viagens pelo adriático

não é tudo isto o que vejo
não pode ser isto apenas o que vejo

eu vejo o amor
é sempre para ele que olho
quando penso em ti
quando estás presente
mesmo neste sítio longínquo
onde provavelmente nunca virás

só existe o amor
só tu existes em mim
como uma luz que fenece
na distância que parece
não aumentar de nos
separar

stari grad, hvar (croácia), 14 de agosto de 2005





stari grad é uma das vilas piscatórias da ilha de hvar, no adriático, ao largo de split. é uma vila hoje totalmente turística, acantonada numa enseada que circula um braço deste mar de águas límpidas. as suas ruas estreitas, com casas de pedra branca, lembram as vilas mediterrânicas. este é o sítio mais solarengo de toda a croácia, dizem os guias. aqui reina a harmonia das famílias felizes em férias e dos imensos grupos de italianos. um sítio paradisíaco. o entardecer é belo, reflectindo o sol nas águas azuis por entre barcos e veleiros de todo o mundo.

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

a caminho de zagreb, 12 de agosto de 2005



este é certamente um dos percursos mais belos das ferrovias europeias. sempre ao lado do rio e das montanhas eslovenas, o comboio atravessa pequenas neblinas matinais. tudo é verde pois afinal chove sem parar. como te queria agora abraçar, deixar-te adormecer no meu ombro. beijar-te o cabelo ao de leve. encostar apenas os lábios. amar-te.

zvezda, liubliana



é numa esplanada junto ao rio
que trabalhas a servir gelados
tens o rosto simples o sorriso tímido
das mulheres mais belas que
deus criou nesta terra
apaixonada é quase impossível
esconderes o amor que te revela
cabelo desalinhado mãos sujas
dos doces és o ritmo da cidade
e da noite que passa devagar
a tua voz suave os teus gestos
precisos o teu corpo esguio
és a musa deste café

valia talvez a pena morrer aqui
contigo

liubliana, 11 de agosto de 2005



liubliana é a cidade do charme e da classe. a cidade com um dos centros históricos mais bonitos e aconchegantes que já tive a oportunidade de visitar. ao cair da tarde começa o jazz nas três pontes e as luzes acendem-se lentamente para esconder bares e recantos fabulosos. aqui vivem as mulheres mais bonitas da europa... ou quase todas... o castelo tem um trabalho de revitalização espantoso, digno de um país evoluído quanto à sua consciência patrimonial. simplesmente espectacular. à noite, a cidade é uma aldeia de sorrisos e de rostos quentes. e aqui pensei tanto em ti.

terça-feira, 30 de agosto de 2005

dona nobis pacem domine

em oração pelo querido irmão roger, pela sua entrada na eternidade, e por uma pessoa, tão querida a outra a quem prometi esta prece. (e quem disse que deus não caminha sobre estas águas cibernéticas. e não escuta os que não sabem rezar.)

jesus, tu conheces os nossos corações, tu sabes como a simplicidade da nossa confiança é bebermos já da tua água viva. deixa o teu espírito semear a serenidade nas nossas vidas, para que, em alegria, saibamos escutar a boa nova da destruição da morte pela tua ressurreição.

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

intermezzo (a escutar sufjan stevens)

se eu amei antes de te conhecer porque será tão difícil voltar a amar?

domingo, 28 de agosto de 2005

café montmartre, budapeste



posso te encontrar se
descer um pouco da catedral
de santo estêvão e entrar no
café que tem o mesmo nome do
bairro parisiense onde sonhei
encontrar a amélie, uma qualquer
amélie que me despertasse para o
sonho da vida

ao entrar olharás para mim
com o teu sorriso tímido
e perguntarás no teu fraco inglês
o que desejo
mas eu não sei o que desejo
ou por outra sei

sei que te desejo com a
profundidade que o danúbio
transporta nesta cidade
sei que te desejo tanto como
não te conhecer de forma alguma

desejo-te na mesma medida
em que a tua beleza deleita
os homens feios que serves
todos os dias (incluindo o teu patrão israelita)

desejo-te e já não sei desejar-te
dirijo-me para a ponte
uma qualquer ponte e atravesso
o rio para buda
e no fundo ficaste e fiquei sem resposta

budapeste, 8 de agosto de 2005



depois de cracóvia viajámos até viena. ficámos apenas um dia. fui ver "a arte da pintura", de vermeer, e acabei por descobrir a beleza de outros génios como caravaggio. viena é uma cidade monumento mas um pouco vazia de vida (talvez por ser um domingo).





chegámos à noite a budapeste. com esforço, conseguimos parar de desconfiar do suposto membro da hostelling international (entre ofertas menos lícitas que este nos fez, nomeadamente a proposta que se seguiu à pergunta "do you like girls?"), que nos alojou numa espelunca suportável. hoje visitámos a parte histórica da cidade e enviei o teu postal. escrevo agora no café montmartre, junto à catedral de santo estêvão, um monumento magnífico. escrevi no postal que ainda te amo. com tão pouco tempo para escrever tenho de me reduzir ao essencial. e tu és o essencial.

sábado, 27 de agosto de 2005

auschwitz-birkenau, 5 de agosto de 2005





fiz a barba pela manhã como quem se prepara para uma cerimónia importante. um funeral, por exemplo. visitámos certamente um dos sítios mais importantes da história da europa. um sítio horrendo e terrível. criador de um profundo nó no estômago. mas um sítio fundamental para compreender a espécie humana. a nossa guia quase chorou enquanto descrevia a vida quotidiana no campo de concentração. É um sem número de experiências que se podem viver durante toda a visita. espanto, horror, medo, nojo...

cracóvia é uma cidade pequena e acolhedora com um centro vivo e dinâmico, onde as pessoas se encontram a qualquer hora do dia.
partimos hoje para viena.
chegar e partir, eis as duas forças da viagem. e no meio da tensão, viver sabe muito bem. como se sempre estivéssemos estado aqui.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

cracóvia, 4 de agosto de 2005



deixámos praga pela noite, abandonando uma das estações mais estranhas que já vi - hlavna nadrazí - sobretudo pelo cheiro e pelas pessoas que aí circulam... apanhámos um comboio checo com destino a cracóvia onde conhecemos o matas (mateus), um rapaz criador de techno checo! no mesmo compartimento ia um polaco bastante simpático. depois de o matas ter enxotado um drogado eslovaco começámos a partilha: o matas ofereceu uma garrafa de vinho para os quatro que viajavam no compartimento.
mais tarde, chegaram alguns italianos com quem falei noite fora. pelo meio, tiveram de resolver um problema com uma napolitana que viajava com eles. no cerne da questão, o problema das várias "itálias". da pobreza do sul e da riqueza do norte (ela não gostou que eles dissessem esta verdade)...
chegámos a cracóvia bombardeados pelas ofertas de alojamento. agora escrevo num bar simpático da praça central - café vis à vis - porque chove torrencialmente.
hoje fazes anos, mamã. e estamos tão longe.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

praga, 2 de agosto de 2005



depois da atribulada viagem até amesterdão, em que corremos o risco de ser obrigados a pernoitar em paris, em amesterdão não houve tempo para escrever. nem poderia haver. para além de ser uma cidade absolutamente fascinante, amesterdão é uma cidade de pecado. e quando se peca não há tempo para contrições, como o é sempre o acto da escrita.
partimos depois ao encontro da "arabizada" cidade de dusseldorf. foi kebab e partir!
chegados a praga, ficámos alojados numa escola primária transformada em youth hostel. não há palavras para descrever a cidade, sobretudo o percurso entre a praça velha com o famoso relógio (um logro absoluto!), e o castelo, com um especial destaque para a mágica karlov most (ponte de carlos). um sítio lindo e extraordinário. pleno de jazzy feeling.

hendaye, 31 de julho de 2005



depois de uma noite bastante mal dormida chegámos a hendaye onde esperamos pela ligação a paris. custa imenso atravessar uma noite em que não se tem posição para dormir. facto positivo, acho: ainda quase não pensei em ti. nem acho que vá pensar muito. com tantas pessoas e sítios para conhecer a nossa vida fica um pouco esquecida... será? até quando escreverei para ti?

entre pombal e coimbra, 30 de julho de 2005



tento apagar os dias de ansiedade que anteciparam a partida. não tenho a vontade de partir que pensava que teria mas sei que não poderia ficar. por isso, é sempre bom partir. partir com pouco. preparado para receber muito. e assim parti.

de regresso



chegado a casa é hora de arrumar as ideias. aqui fica um mapa com o percurso que fiz. basta clicar na imagem para ver em pormenor. a verde, os percursos de comboio. os quadrados amarelos, os locais onde ficámos um pouco mais. nos próximos posts fica a reprodução do pequenito diário de pequenitas ideias que fui coligindo ao longo da viagem, bem como algumas fotos da nossa autoria.

sexta-feira, 29 de julho de 2005

férias



pouco mais há a dizer. adeus. não sei quando voltarei a escrever.

terça-feira, 26 de julho de 2005

nótula histórica

ninguém deu pela passagem de mais um aniversário deste blogue. há um ano terminava a primeira experiência que, na verdade, começara a 12 de Julho de 2003. este blogue nasceu no dia 16 de Julho de 2004. como uma singela hommage a um dos poemas maiores da língua portuguesa. esperamos ter honrado o poeta. mas, como detesto aniversários, ignorei a data.

dizem que fazer anos é motivo de festa. como festeja uma margem junto a um rio que passa sem parar? porque não me respondes, lídia?

segunda-feira, 25 de julho de 2005

sábado



comprei um bilhete de inter-rail e vou partir no sábado. no início da avenida, um amigo contou as suas histórias com o pseudónimo de sud express. agora sou eu mesmo que vou. estando sempre por aqui, vou estar longe. escreverei quando puder. na net ou em papel. mas tudo, como sempre, desembocará na margem da alegria.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

angústia

vai. não te posso prender. como nos podíamos amar se te olho e não falo. se me falas mas não me consegues olhar. se toda a nossa história não passou do princípio. de um sonho repetido noite após noite. um sono hesitante entre os teus lábios e aquela tarde de verão em que tantas vezes sonhei que te podia amar. que me podias amar. mas como nos podíamos amar.

se sinto a angústia que tu ignoras. e estamos separados.

domingo, 17 de julho de 2005

rua do sol

não vale mais a pena adiar as palavras
se o que tenho para te dizer
vive na simplicidade do meu coração
não esperes mais, amor, amada
não esperes
diz o que tens para me dizer
que a minha resposta há muito que
está escrita na rua, no sol
na luz dos meus gestos

gosto de ti
e para ouvires isso
não vale a pena esperares

sábado, 16 de julho de 2005

foram dar uma gandá volta

mas onde é que eles andam? não escrevem. esta semana não houve novo episódio. a confirmar-se o rompimento com a sic, para quando o regresso, malta?

foi no aeroporto schipol em amsterdão



que defini um dos projectos da minha vida: ver todas as obras de vermeer espalhadas pelo mundo. no mês que vem, deverei dar mais um passo. o 4º em 36 quadros. faltam 32. verei um dos mais belos e complexos: a arte da pintura (de schilderkonst), c. 1662- 1668, kunsthistorisches museum, viena.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

o amor não tem palavras

são as palavras certas a maior dor de quem escreve. elas não existem mas procuram-se. elas não existem mas surgem. nas alturas mais estranhas. depois de um esforço depurador. depois de uma revelação súbita. elas não existem mas teimam em renascer e refazer o mundo.

são as palavras certas que mais te queria dizer. as que nunca te direi. porque não existem. porque nunca as saberei.

terça-feira, 12 de julho de 2005

eles são os maiores



o concerto de hoje, na fnac do colombo, dos meus amigos, foi simplesmente fenomenal. exige-se a sua rápida edição...

vão ouvir, que é muito bom!

segunda-feira, 11 de julho de 2005

passaporte

dói tanto não te poder pedir para vires comigo. mas dói mais não poder ficar. por ser insuportável a cidade mergulhada neste verão onde ouço os meus passos noite fora. por ser impossível apagar a tua voz dos discos que tocam pela manhã.

de volta



t a k k . . .- 10th july 2005
we can now announce that the title of the new sigur rós album is takk..., which is icelandic for "thanks". it will be released september 12th on EMI records. we at sigur-ros.co.uk got a chance to listen to the album recently and for our money it's the best thing the band has ever released. we can't wait for the world to hear it. the tracklist on takk... is as follows:

1. takk...
2. glósóli
3. hoppípolla
4. með blóðnasir
5. sé lest
6. sæglópur
7. mílanó
8. gong
9. andvari
10. svo hljótt
11. heysátan


http://www.sigur-ros.co.uk/

luz

desesperar pelos teus olhos não é somente pela sua iluminação em mim. é uma questão existencial, longe do hedonismo mais puro. não se trata de desejo. mas.

que fazer na escuridão?

sexta-feira, 8 de julho de 2005

conversa de café

há aquele momento na vida em que, de uma forma decisiva, as opções dizem tudo acerca de nós. essa é a altura de levantar amarras. de partirmos sem hesitações. de correr o risco de perdermos algumas pessoas.

essa é a altura de ser. de deixar de parecer.

quinta-feira, 7 de julho de 2005

pausa

faz do silêncio essa tua forma estranha de me amares. deixa escutar o som das ondas na praia. o vento na areia. posso repousar um pouco no teu peito? posso esquecer-me por momentos de que existo? abandonar-me em ti.

eu já não sei amar. fiz uma pausa.

o que me ocupa por ora

pensar (ou mesmo sonhar) em dois ou três sítios onde te gostava de levar é uma tarefa fácil. difícil é saber o que te irei dizer. tentar não pensar muito. sonhar apenas. fechar os olhos. libertar este coração endurecido pela luz dos dias.

deixar a noite sussurrar o teu nome. esquecer que tudo isto talvez não faça qualquer sentido.

terça-feira, 5 de julho de 2005

na varanda

comer um chocolate. sentir na face o vento quente de julho. ver os carros passar. uma noite com o som de jobim a embalar o meu coração.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

estranho é



pensar que tem algum mal gostar de ti

domingo, 3 de julho de 2005

antes de dormir

o que mais me preocupa é a minha imensa incapacidade de mergulhar em ti
de percorrer os caminhos clandestinos que os teus olhos desenham
em cada gesto, em cada passo, em cada segundo

sexta-feira, 1 de julho de 2005

fim de semana

"fica tão fácil entregar a alma
a quem nos traga um sopro do deserto"

tratado de paz interior

é por entre as árvores que te vejo agora. por entre a camuflagem com que te escondi de mim. vamos dar início às tréguas.

amor de mãe

ter a mamã doente é muito triste. tenho tantas saudades de ser pequenino e de a ver sempre forte e corajosa. assim, a vontade de um dia partir "com as aves" deixa-me encruzilhado, entre esta vida, e uma outra que há-de vir.

privately anonymous

o anonimato é isto. sonhamos que é uma pessoa. sonhamos, sorrimos, relemos várias vezes. depois não é. volta tudo à escuridão. ao pior do ser humano em termos de comunicação. ser anónimo.

e vai daí. um gajo a fazer figura de parvo. à espera que o amor deixe um dia de ser anónimo. e nos chame pelo seu nome.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

ressentimento de ex-namorado

casaste. tens um cão. de que precisas mais para ser feliz. olha. vê lá se ligas qualquer dia. quando o cão for pai. talvez.

terça-feira, 28 de junho de 2005

uma música

descanso nos teus gestos (ou nem sequer saberia voltar a caminhar). é bom voltar a escutar o meu coração. ouvi-lo dizer o teu nome.

derivações com junho a terminar

é noite de s. pedro. gosto mais do joão. o apóstolo do amor. mas também do antónio, o da minha cidade e que consta ter pregado como ninguém. gosto dos santos. deste catolicismo primaveril. de santos amigos do povo, como o mfa de há trinta anos. gosto das sardinhas e do pão. dos bailaricos em qualquer beco sem saída. uma espécie de portugal alegre, que baila sem de lá poder sair. que alegria, meus santinhos. cá vamos andando, catolicamente felizes. tantas divindades transformadas. tantas guerras com os iconoclastas. tanta confusão com os racionalistas. para quê?

diz-me lá, meu santo antoninho, quando me dás um manjerico com umas quadras bem divertidas?

verdade, verdadinha XIII

nunca fui grande fã do blogue (porque me pareceu sempre já ter lido aquilo noutro lugar), mas o recente caso do barnabé prova, de forma exemplar, que vivemos depressa demais. "pra'aí à volta de alguns kb por segundo". e assim como se vive, assim se terminam as relações. à velocidade da luz. e já agora, com a banda bem larga. "qu'é como se quer".

que falta de chá, meus senhores.

verso sobre foto



por que porta entraste que não te vi entrar

segunda-feira, 27 de junho de 2005

verdade, verdadinha XII

dantes sabia-se os nomes das ruas. conheciam-se vielas, becos e esquinas. hoje, a realidade resume-se, apenas ou quase, aos favoritos do explorer e a meia dúzia de endereços que ficaram gravados sem querer.

em que cidade afinal vivemos?

memories remain

em certas tardes de verão, recordo-me de te ver, pensativa, junto a um rio vagaroso (a luz do sol morria lentamente). recordo-me, como se fosse agora, de mergulhar duas ou três vezes no teu olhar. ouvir os miúdos ao longe. sonhar com o mesmo rio, a mesma tarde, num qualquer sítio onde fosse possível amar-te. sentir no cheiro molhado do entardecer a fragância quase pura da felicidade.

domingo, 26 de junho de 2005

lisboa, à noite

dizer-te duas ou três frases, há muito presas em mim, sem conseguir olhar-te nos olhos, é razão mais do que suficiente para ser impossível reclamar aquele beijo que os teus lábios me prometem quando penso em ti.

ah, "se eu fosse a tua pele"...

quinta-feira, 23 de junho de 2005

da minha rua

é defronte dos edifícios que assumimos a nossa irremediável condição. pedras frias, gastas, imponentes. tão distantes dos nossos corações sobressaltados em vidas de permanentes mudanças. o que é então a eternidade. fixar o meu olhar num poema, por exemplo. um qualquer dia próximo. captar a luz da minha janela. prender em palavras que só uma percentagem mínima da população mundial compreenderá com facilidade.

recostar-me na cadeira. ver a noite surgir das paredes alvas.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

amor combate

é bom ouvir os amigos do tempo das garagens, caves e arrecadações plenas de energia. recordar a alegria de fazer uma música. a adrenalina de a mostrar a estranhos. a paciência de a gravar numa única vez, sem possibilidade de enganos.

parabéns, companheiros.

terça-feira, 21 de junho de 2005

para ti

saber que me leste, pelo menos uma vez, é razão mais do que suficiente para continuar. porque há tantas coisas que me parece só aqui poderem ser escritas. porque talvez apenas aqui possas compreender o outro que sou. o que descansa na margem da alegria. o que espera pacientemente por ti.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

domingo, depois de tudo

"All i see are dark grey clouds
In the distance moving closer with every hour
So when you ask "was something wrong?"
That i think "you're damn right there is but we can't talk about it now.
No, we can't talk about it now."

So one last touch and then you'll go
And we'll pretend that it meant something so much more
But it was vile, and it was cheap
And you are beautiful but you don't mean a thing to me
Yeah you are beautiful but you don't mean a thing to me"

Tiny Vessels - Death Cab For Cutie

domingo, 19 de junho de 2005

num qualquer sítio

conta lá por andaste, princesa. deixa-me sentir o que cresceste. cresce comigo. deixa-me crescer contigo. fica mais um pouco. conversa comigo.

até amanhã, camaradas

o camarada vaz, pneumónico e cambaleante, diz para a sua companheira - breves minutos depois de terem evitado a prisão pela pide e enquanto descansavam:
- vamos rosa, temos de ir mudar o mundo... não podemos fazer paragens tão longas...

que pena as utopias estarem tão longe dos homens.

sexta-feira, 17 de junho de 2005

o sentido da poesia

com tantas mortes e crises, tantas desilusões e angústias, quase me esqueci de ser adolescente. de acreditar que posso mudar o mundo já amanhã.

queria olhar o mar. provar o sal. dizer as palavras.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

verdade, verdadinha XI

ter o plugin do messenger é uma mistura entre o tradicional escutar numa parede com um copo de vidro e o clássico espreitar pelo buraco da fechadura. é fácil saber quando te dirijo a palavra e tu fechas a janela de conversação.

quinta-feira, 2 de junho de 2005

the modern life

a distância é a medida certa do egoísmo, do isolamento, da fruição do hedonismo, da prova de uma felicidade breve, de uma alegria inútil. e foi nisto que nos tornámos.

um telegrama de balanço

caminho sozinho. uma constatação. meados de 2005. tenho saudades do verão. tenho medo do verão. até quando. stop.

verdade, verdadinha X

diz-me o que escreves na "janelinha" do google e dir-te-ei quem és.

terça-feira, 31 de maio de 2005

dois versos em forma de requiem

se eu tivesse duas vidas
uma teria sido tua

domingo, 29 de maio de 2005

da impossibilidade da revelação

porque hei-de escrever uma só palavra quando há tanto em suspenso. tantas palavras que não podem ser ditas ou escritas.

terça-feira, 24 de maio de 2005

domingo na praia

repousar junto ao mar é voltar ao princípio de tudo. ao ventre que nos embala. ao calor da ternura materna. à iminência de um começo que se transfigura em vida.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

quinta-feira, 19 de maio de 2005

sentimos vontade de chorar

quando fazemos o nosso melhor mas não é suficiente. quando o damos de uma forma que nem é sequer reconhecida como boa vontade. a boa-fé não existe. não neste mundo.

entrecampos

entrecampos. um segundo antes do comboio fechar as portas alguém lança um saco para dentro do comboio afastando-se a rir. sobressalto geral. medo de tocar. curiosidade. pãnico contido. agitação. no saco dizia máquina do tempo, num papel similar a um vulgar documento do word. à primeira curva um telemóvel rola do saco. a confusão aumenta. não consigo tirar os phones. tento não entrar em pânico. suo gelado. o que fazer. ninguém se decide. há um momento em que tudo pode acontecer. interrupção. a senhora sentada à minha frente levanta-se e pega no saco. alívio geral. só tinha roupa e o saco era de uma loja. ainda olhei duas vezes para o saco aos meus pés. de repente, a dona vem levá-lo, depois de o ter esquecido no cais. respiro tranquilo. as pessoas discutem sobre o gesto honesto do senhor de entrecampos. continuo a ouvir expensive soul.

nunca o terror de atocha me tocou tão fundo.

o vento



praia do forte, bahia - abril de 2004

a ouvir l'altra

"And your heart breaks
Tonight or another night
Red handed and planning
So smooth operation
Like a drive-by
But better than that
Earthquake and car crash
No danger
It gets lighter since you've been stitched up
So smile and say and wave goodbye
All at the same time
Clearly recommended rest
No days, no dates
Only seasons
Better than bleeding
No welcoming
Better than bleeding
No helping
No danger
No welcoming
Better than bleeding
So smile and say and wave goodbye
All at the same time
Better than bleeding
Better than that"

"better than bleeding"
different days

we were so young...

domingo, 15 de maio de 2005

verdade, verdadinha IX

o amor é a única partilha que não suporta o silêncio.

(é por isso que amar-te sem o revelar é quase o mesmo que nem sequer o sentir)

nobody saw it!



cá para nós, o que diz disto, caro amigo?

domingo, 8 de maio de 2005

já não são uma nem duas

as palavras que fui perdendo pela vida fora. não é fácil relembrá-las. não é simples viver sem elas. digo o que todos dizem. digo o que sou capaz de dizer.

sábado, 7 de maio de 2005

verdade, verdadinha VIII

um telefonema ou uma mensagem de aniversário valem pouco perante a possibilidade de ver os anos que passaram sobre os rostos.

uns versos

é na medida da extinção da tua vida que
a minha morte se aproxima como o entardecer
que se debruça sobre o mar

sexta-feira, 6 de maio de 2005

terça-feira, 3 de maio de 2005

mãe

a minha mãe tem 69 anos e hoje enviou o seu primeiro e-mail. não foi fácil perceber como parti há tanto tempo com as aves. como o eugénio de andrade escreveu no poema mais adolescentemente triste da sua poesia. é triste reconhecer que já não é possível voltar sequer um passo atrás.

ainda por cima os palhaços a quem escrevemos nem nos devem responder. (achas que ainda te posso abraçar, mãe?)

quarta-feira, 27 de abril de 2005

verdade, verdadinha VII

o telemóvel tirou as pessoas de casa. ainda se lembram de esperar por um telefonema?

a minha rua

o problema de um suposto blogue conceptual é sempre o mesmo. subitamente sou arrastado pelo rio. todos os problemas me levam da confortável margem onde me sentei. e a avenida? onde ficou a avenida?

quinta-feira, 21 de abril de 2005

consegues ouvir-me?

há versos que voam pela tarde. pela minha voz sussurrada no escuro. sibilantes na surdina.

et pluribus unum

a discussão em torno de bento xvi centra-se sobre a intransigência de ratzinger com o mundo. isso não me interessa nada. mesmo nada.

(até quando deus vai ser transigente comigo?)

terça-feira, 19 de abril de 2005

condição

eram simples os dias se me esperasses

se déssemos as mãos nas tardes frias de domingo
se nos abraçássemos numa qualquer falésia
se partíssemos de quando em vez sem rumo
se tudo fossem horas de intimidade, segredo e partilha

eram simples os dias se nos amássemos

domingo, 17 de abril de 2005

determinação

não quero saber se foi o régio, ou outro qualquer poeta que o escreveu. eu não vou por aí.

sábado, 16 de abril de 2005

verdade, verdadinha VI

é mais simples amar a patinha feia do que a marilyn monroe. é mais fácil amar a segunda.

primeira noite

deixa-me que te diga
que os anos passaram sobretudo
entre mim e ti mais do que pela nossa pele
desenhada nas rugas profundas do tempo

e digo-te não para que te olhes ao espelho
para que me confundas uma vez mais
mas para que entendas a razão de certo sorrisos
que se escondem em cada madrugada

(é dia lá fora)

a longa noite terminou sem darmos por isso
e continuámos abraçados à vida
como uma última respiração do amor
um beijo que se prolonga na eternidade

r.e.m.

sonho contigo. não sei quanto tempo me invadiste o sono. o tempo suficiente para acordar confuso. em que vida afinal estou? que dia é hoje?

quarta-feira, 13 de abril de 2005

verdade, verdadinha V

a verdadeira anomia social são dois seres que teclam num chat pela noite fora. tal como a missa online não é seguramente secularização. é solidão.

terça-feira, 12 de abril de 2005

da planície branca e baixa

há um dia qualquer em que a folha branca do écran sente apenas o arranhar saltitante destes caracteres sem significado. nada mais. sem maiúsculas.

como dizia o poeta, nenhuma letra ou palavra se deve levantar diante das outras.

segunda-feira, 11 de abril de 2005

é tudo uma questão de miscigenação

leio sobre a inspiração de sócrates no modelo de i&d finlandês. vem-me à memória kirsi, a finlandesa que passou um dia por salvador da bahia, rainha dos afoxés que levou na barriga um mulato, filho de pedro archanjo. um mulato com cabelos de ouro a caminhar pela neve, sonhava pedro.

saibam tudo na tenda dos milagres de jorge amado.

domingo, 10 de abril de 2005

verdade, verdadinha IV

são as mais doces palavras o pior dos venenos. envenena quem o cospe. envenena quem o prova.

um pequeno instante

era mais um domingo vagaroso em que nos entrelaçávamos depois de almoço. como um fiel compasso, o movimento das ondas acompanhava o bater do relógio da sala. as tuas mãos aqueciam o meu rosto. dizias duas ou três palavras que hoje me custam a relembrar.

sábado, 9 de abril de 2005

verdade, verdadinha III

a beleza das coisas termina no seu preço. a coragem dos homens no seu medo. nas estações terminais repousam os comboios. a esperança na ignorância. tudo tem um inexorável fim.

verdade, verdadinha II

uma das mais belas expressões de amor da modernidade é ver o teu ícone verde no messenger, clicar duas vezes e não escrever um único caractere. permitir que o silêncio me deixe amar-te sem saberes.

verdade, verdadinha I

o verdadeiro moralista é aquele que elabora uma extensa lista de palavras a bloquear pelo seu browser (sex related, e outras que tais), sendo ele próprio o único e singular ser humano que o utiliza.

sexta-feira, 8 de abril de 2005

pela rua do abandono

porque é que tens medo de amar
se a vida te espera lá fora
e os rostos iluminados
aguardam as tuas palavras?

deixa para trás a chuva dos dias
de inverno, longos e cinzentos
olha como as árvores sorriem
no verde claro e escuro ao fundo da rua

caminha nessa direcção
sem hesitares e confia
que as pedras dos muros alvos
te guardam os gestos

que os seixos dos mil ribeiros
te protegem do mal
como quem ama sem saber amar
ou confia mesmo sem acreditar

quarta-feira, 30 de março de 2005

tenho medo de ir dormir

de suar com a febre. das dores no corpo. de sofrer na doença. tenho medo de não acordar jamais. muito medo. mais medo ainda do que acordar e tu não estares lá para me amar.

sexta-feira, 18 de março de 2005

partir

é essencial partir. a margem sempre se torna um dia insuportável. como todas as fronteiras dos corações. nesse momento, pouco mais resta do que calmamente empacotar as memórias, guardar o que pode fazer falta (para além da recordação dos teus lábios) e dar o primeiro passo na estrada do silêncio. nesse momento, é preciso não olhar para trás. não dizer adeus. não chorar. simplesmente partir.

onde me esperas?

sábado, 12 de março de 2005

não foste somente tu que partiste

interiormente

a tristeza não é somente as lágrimas que caem. é sobretudo uma pergunta sem resposta. uma incompreensão perante as coisas.

porquê? no que me tornei?

terça-feira, 8 de março de 2005

não me digas

escreveste essa palavra? com todas as letras, acentos e silêncios? como foste capaz?

como pudeste dizer que o amor é tudo? e eu o que sou?

diz-me

deixaste a vida para depois. e depois? o que te deixou a vida?

era noite

era noite
(e não é sempre noite quando escrevo?)
era noite, dizia
era sempre a mesma noite
esse espaço e esse meu tempo
longo e difuso
como um fechar de olhos que se prolonga
para lá da luz

era noite e as palavras eram árduas
magoavam a luz que teimava
persistir
insistentemente
persistindo na brancura do vazio
(écran ou papel?)

era noite, dizia
e pouco mais nada podia
do que dizer ou escrever
que era noite

era noite o que sentia

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

o vento

a alegria é o vento que sopra lá fora. consegues ouvi-lo, entrecortado na noite por um ou outro carro, correndo louco por aí? é esse vento que nos dá arrepios quando fechamos a porta e deixamos a nossa casa para trás. quando começamos a caminhar levados pelo vento. e com ele sorrimos. sorrimos muito.

estar na margem da alegria é estar aqui a escrever isto. e não ir descer as escadas para a rua.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

do desânimo

o problema é, no fundo, sempre o mesmo. na impossibilidade de uma qualquer substituição, renovação, marketing ou mudança, pouca coisa se alterou. e o problema permanece.

não estás aqui.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

dia de anos

mais um. vinte e cinco anos volvidos. dia de alguma nostalgia. dia de ser pequenino. de nos permitirmos a uma carícia mais excessiva. a um abraço mais forte. de nos deixarmos corromper pela saudade de um tempo que jamais voltará.

apesar de tudo, é bom fazer anos. é bom pensar o trabalho que dei há exactamente 25 anos atrás. a melhor prova de que nunca ninguém me poderá amar tanto como a minha mãe.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

"looking for a wedding dress"

por certo que uma das maiores surpresas do início da idade adulta é o casamento de uma ex-namorada.

teoria da conspiração

o poder dos media foi bem visível em dois episódios recentes. o "benfica mereceu ganhar o último derby" quando foi visível a superioridade do sporting. "santana ganhou o debate de ontem" quando foi clara a convicção de sócrates perante a fraqueza e a desorientação do primeiro-ministro.

parece que também eu tenho um problema com a manipulação dos jornalistas.

para trás das costas

não ler um poema do ruy belo há mais de um mês é a maior prova da desorientação que tenho sentido. e o crescimento foi demasiado abrupto. e doloroso.

a primeira infância passou
mas agora ou logo
deus renova todas as coisas

e um dia haverá barcos e seremos livres

quase

estar quase a fazer vinto cinco anos é um facto mais do que suficiente para duas ou três considerações. a vida pode ser profundamente injusta. não há beleza que se compare à luz do entardecer. o silêncio pode conter toda a música do mundo.

o amor é tudo.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

para reparação

não ter o nosso computador é um pouco como estarmos longe de casa e não nos apetecer escrever uma linha nessa terra estranha para onde a avaria nos enviou.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

da tristeza

estar triste é o contrário de estar morto.

viagem

é noite. o jazz desliza pelo quarto. sedutor. malandro. irrequieto. estou de repente numa outra cidade. num bar a meia-luz. por entre olhares cruzados e sorrisos que mal disfarçam a alegria da vida. o jazz é um coração sem compasso. desculpe, mais um licor. queres dançar?

o senhor zaqueu

entre saber quem sou e no que acredito, entre uma ou outra divagação mais existencial, entre o teu sorriso e uma saudade imensa do teu cheiro, recebi a oportuna visita das finanças. um ou dois funcionários mais zelosos que não acharam graça ao meu nome e me decidiram punir com o que de pior há para aquelas bandas: uma alteração gerada por um processo automático, que dispensa apresentações dos nomes dos senhores e a suposta notificação ao cidadão. com efeitos retroactivos ao tempo em que me julgava cumpridor e afinal era um criminoso sem vergonha. quem não teve já um problema com as finanças? saberão decerto do que falo. sentimo-nos de repente enganados por tudo e todos, encurralados nas malhas de uma trama kafkiana infernal e repleta de artigos de decretos-lei e pormenores de jure e de facto.

curiosos, perguntarão se me safei (em bom português). olhem, vou-me safando, aos poucos, com paciência e muita cautela. com pouca vontade de escrever e um tanto desanimado com a vida e a labuta diária. confiante na minha boa-fé. perdoando infinitamente os publicanos desta saga. na certeza de que haverá final feliz. com mais ou menos euros no bolso. cumpridor e sorridente até à próxima visita do senhor zaqueu. como está? passou bem?

domingo, 9 de janeiro de 2005

no público de hoje

"São precisos mais de três minutos de silêncio para escutar a voz misteriosa da natureza, dos homens e de Deus. O ser humano é o único animal capaz de compaixão, de solidariedade e de conversão. O encontro ecuménico de Taizé - um dos maiores acontecimentos europeus aberto ao mundo realizado em Lisboa - revelou no longo silêncio, no canto, no diálogo de povos que ainda recentemente se guerreavam, que onde aumenta o perigo, pode crescer a salvação."

frei bento domingues

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

da doença

são longas e absurdas as horas em que repousamos doentes. a doença é doentiamente absurda. há momentos em que acordamos, a arder em febre, a perguntar se ainda estaremos vivos. mas o mais absurdo de tudo, para mim, não é a doença. é a tristeza que se lhe mistura. é a tua memória fugidia. o teu cheiro. o precisar de te ver, de te ter ali ao meu lado.

é a tua ausência que me faz duvidar da urgência da cura.

uma questão de vozes

inconscientemente (um post que começa com um advérbio traz água no bico) este blogue foi sendo escrito cada vez mais para ti. às vezes para todos, é certo, mas a maioria das vezes era para ti quem escrevia. como não faço a mínima ideia se me lês, de que serve explicar quem tu és?

e por isso, a todos os que me perguntam para quem afinal escrevo, sentado nesta margem, respondo: escrevo para ti.

domingo, 2 de janeiro de 2005

para 2005

deve-se começar um novo ano com pelo menos um plano bem definido. como por exemplo voltar a ver a turma do liceu.

das rezas

diz a voz do deserto que "Com preces tão altruístas o exército de Taizé corre o risco de interceder por tudo menos pelo Planeta Terra." sem pretensão de qualquer tipo de defesa, pergunto: o que pode haver mais concreto do que um compromisso para toda a vida de uma comunidade que vive junto dos "homens que são vítimas do homem". o que pode haver mais real do que uma comunidade que nunca quis ser mais do que aquilo que é: uma esperiência de origem protestante que busca no "hoje de deus" ser uma parábola de comunhão. estarei equivocado? serei um católico místico? e não precisa este mundo de um pouco de mística? o que são então as tuas orações pelas "pequenas maleitas" a um deus que morreu e ressuscitou?

oração

estar de volta não significa sair do ponto onde estávamos. tal como ter sido testemunha de uma imensa alegria não corresponde necessariamente a uma súbita mudança interior. o tempo o dirá. ou uma outra forma de dizer que uma certa melancolia teima em persistir. teima em desanimar quem teve forças para tanto. e não as teve para te esquecer. para esquecer o teu nome.

para te tirar do silêncio das minhas orações.