terça-feira, 20 de junho de 2006

a garrafinha de água

qual apêndice da pós-modernidade, tudo anda com a sua garrafinha de água atrás. seja para emagrecer (vide receitas para um verão mais estético da Nova Gente), seja por qualquer outra razão, não se pode hoje existir sem ter a garrafinha sempre consigo. o cúmulo e o absurdo desta paranóia colectiva vivi-os esta manhã quando, à saída do metro, quase fui atropelado por uma esbelta menina. pensei: vai ter um exame na faculdade. e não é que a vejo a dirigir-se na máxima velocidade para um dos cafés da estação. tanta corrida por um café? não. era por causa de uma garrafinha de água. garrafinha, quer-se dizer, garrafona. tinha um litro e meio do líquido precioso.

critério de aferição



quando já não houver nada que diferencie as pessoas, a minha distinção será entre quem gosta e quem não gosta de sigur rós.

sábado, 17 de junho de 2006

linha de sintra (cont. devido ao blogger)

pouco depois começa uma brincadeira com bonés da selecção nacional. o miúdo ri. ri muito. ri de uma maneira muito engraçada. daqueles risos que contagiam. e ela ri também. ri ao mesmo tempo que chora. e ao rir fica ainda mais bela (como se isso fosse possível). e eu tenho de sair. a família sai também. espero que as lágrimas não voltem. o éfemero tem destas coisas. perdemos sempre as cenas dos próximos capítulos.

linha de sintra (cont.)

numa das estações seguintes entra uma família pobre de espírito. o mais novo assim que se sentou levou logo uma estalada. chora também. tem olhos azuis.

linha de sintra

sentada no comboio, é bela e chora. mas se digo bela não é apenas porque a sua beleza me transtorna. é bela porque mais bela não tenho visto. a aliança movida para o dedo do lado. as lágrimas correm.

sexta-feira, 16 de junho de 2006

solução final

o problema. o problema é o amor.

domingo, 4 de junho de 2006

o país à beira do mundial #3

um homem, de cabelo apanhado e blusão grosso, vasculha os caixotes de lixo. recolhe apenas um saco. continua avenida acima.

o país à beira do mundial #2

na minha rua não vislumbro estantes com livros através das janelas dos vizinhos. vejo apenas, por entre as persianas semi-cerradas, a luz do écran de televisão. permanentemente aceso. como uma luz que não deixa ver mais nada para além dela.

o país à beira do mundial #1

uma corda com três bandeiras atravessa a minha rua. como a colocaram? ainda não percebi. tem a altura de um quarto andar unindo os dois lados da avenida. no centro a bandeira nacional. de um lado a bandeira angolana, do outro a brasileira. que monotonia era a minha rua há dois anos atrás, apenas a verde e vermelho.

sexta-feira, 2 de junho de 2006

para quê uma oposição?

no dia em que o governo anunciou o novo"regime de mobilidade dos funcionários da administração" que aparentemente pode vir a criar um novo paradigma quanto à relação entre o estado e os seus funcionários, o psd anuncia uma proposta sobre um curioso "dia nacional do cão". com opositores destes...