Tocas com as tuas mãos a extensão das minhas veias.
A fadiga e o rumor da noite cercam-nos
Pelos lados mais misteriosos que o encontro possibilita.
Procuras avidamente o que o tempo não quebrou
E os teus olhos são imprevistos do dia seguinte.
Minha sombra, aliás a nossa sombra, é o centro do mundo
O centro às avessas, o simulacro de si mesmo
E tudo se encaminha para a aurora em ascensão
Como um vendaval de corpos electrocutados.
Dir-se-ia que o ilimite segue o nosso corpo,
Os ossos gastos, a cabeça, os membros desfeitos
Atravessando estações de intempéries buscando
Abrigo dos clarões envenenados do meio-dia.
Em teu seio surge uma luz de escárnio
A luz incessante faustosamente furiosa
A luz que perdura ainda pela aridez do ar.
Por dentro do sorriso amargo da morte
Colherei em tua boca a espécie rara de rosa
E unidos no beijo azul, restituiremos o amor.
Ricardo Pereira
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
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